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200 anos: Revolução Pernambucana antecipa futuro do País

Por Sivaldo Venerando – O final do século 19 e início do 20 é considerado o período das revoluções. A Europa estava em ebulição com o Bloqueio Continental de Napoleão Bonaparte. Os Estados Unidos engatinhava com a sua recém-promulgada república.

Era, de acordo com o historiador Eric Hobsbawm, um mundo “de maioria rural”. Mas, as ideias revolucionárias, com base no Iluminismo, fervilhavam nos centros urbanos de infraestruturas acanhadas.

No Rio de Janeiro, a corte portuguesa aportou em 1808, fugindo de Napoleão. De lá, o príncipe regente, D. João VI, pretendia governar o País Continente (Brasil), Portugal e expandir o império na América Latina. Ele deu início à construção de prédios para o serviço público e democratizou a energia elétrica. Os custos foram para a conta das então províncias.

As províncias do Norte, dentre as quais Pernambuco era a mais forte economicamente, tinham seus cofres raspados por ordem de D. João aos governadores, para pagar o luxo da corte. Enquanto isso, o Recife vivia às escuras e sem serviços básicos de infraestrutura. Também os impostos foram elevados e uma seca ocorrida em 1816 foi fator fundamental para fazer explodir a revolução em março de 1817.

 

Preparativos – Na surdina, os ideais revolucionários já vinham sendo discutidos nas lojas maçônicas. Os participantes eram comerciantes maçons, padres, militares e profissionais liberais. O ano de 1817 seria aquele que passaria à história como uma separação entre o Brasil Colônia e o novo País, com constituição independente.

No dia 6 de março, um incidente antecipou os fatos. No quartel do Paraíso, foi dada ordem de prisão aos militares envolvidos na conspiração. O capitão brasileiro, José de Barros Lima, recusou-se a entregar as armas e golpeou o brigadeiro português Barbosa de Castro, matando-o. O episódio resultou na tomada do poder pelos revolucionários e na imediata expulsão do governador Caetano Pinto.

 

Acontecimentos posteriores – O governo republicano durou 74 dias. Em junho foi nomeado um novo governador pela corte. O escolhido foi o general português Luis do Rego, que se tornou um algoz dos pernambucanos. Mesmo assim, a luta por independência contra o absolutismo monárquico português continuou.

Em 1821, foi travada uma batalha contra as tropas de Luis do Rego iniciada em Goiana. Foram convocados voluntários e milicianos de Nazaré da Mata, Paudalho e Limoeiro. Os pernambucanos obtiveram êxito. Dali seguiu-se a Convenção de Beberibe, que culminou na expulsão de Luis do Rego. Uma junta governativa foi formada e, em entendimento com os revoltosos pernambucanos, escolheram um presidente, Gervásio Pires. Gervásio foi o primeiro governador de província essencialmente brasileiro. Em seu governo a autonomia assustava a corte, nessa época já governada pelo jovem imperador D. Pedro I. Esses acontecimentos e outros de menor porte, no Brasil e em Portugal, forçaram a carta de independência que separou constitucionalmente o Brasil de Portugal e Algarve. Foi o famoso “Grito do Ipiranga” proferido por D. Pedro, em 7 de setembro de 1822. A proclamação da república só viria em 1889. Mas, antes disso, Pernambuco já havia vivenciado os acontecimentos do futuro.

*Matéria publicada na Edição de Março de 2017 do Jornal Voz do Planalto

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