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Rua de Carpina é modelo de boa vizinhança

Quando chegamos à Rua Cinco (Cohab 2), bairro de Santo Antônio, em Carpina, é como ouvíssemos uma antiga canção de brincadeira de roda: “Se esta rua fosse minha, / Eu mandava ladrilhar,/ Com pedrinhas de brilhantes, / Para o meu amor passar”. A rua é pequena (14 casas, sete de cada lado), singela e poética. Seus moradores recebem os visitantes com gentileza, mostram-se hospitaleiros e demonstram que amam o lugar em que moram. É bem cuidada, limpinha e aconchegante. Talvez por isso, vem chamando a atenção de parte da população da cidade. E para completar, a Cinco foi a vencedora do concurso junino “Cultura na Rua”, promovido pela Secretaria de Cultura e Turismo do município, no último mês de junho.

Tudo isso revela um lugar que presa pelo companheirismo de seus moradores, que adotaram a “política” da boa vizinhança. Em conversa com alguns de seus moradores, soubemos que lá ainda se pratica o antigo hábito de se pedir emprestado algo, quando se acabou em casa (um pouquinho de café, de açúcar, de fermento para fazer o bolo). No local, há uma ajuda coletiva dos vizinhos para resolverem os problemas comuns, como casos de violências, de prestar socorro, vigiar e proteger uns aos outros.

Organizam-se para comemorar datas festivas como Natal, Ano Novo, Carnaval, São João, aniversários, dia

dos pais e das mães. Vivem de forma comunitária, solidária, em harmonia. A Rua Cinco tem até fundador:“Seu” Pedro da Celpe, hoje, falecido. A professora Patrícia Santos disse que “para se ter uma boa vizinhança é elementar garantir uma vida com menos incômodos e com mais qualidade. Para que se tenha a harmonia com a vizinhança é importante que cada pessoa faça a sua parte e busque sempre respeitar os limites, especialmente em relação ao espaço do vizinho. Não se deve fazer com os outros o que não quer que façam com você”.

Eles vivem evitando conflitos e situações desagradáveis. Outra moradora, Priscilla Caetano, comentou que “essa harmonia garante mais tranquilidade no nosso dia a dia e permite que relações com pessoas agradáveis sejam criadas. Os nossos vizinhos confiam uns nos outros e ajudam para serem ajudados”. Até o momento, na rua, não foi registrado casos de violência doméstica. “Mas, aqui,  em briga de marido e mulher, a gente mete acolher”, disse outra moradora, sorrindo. “As crianças de outras ruas preferem brincar na nossa”, contou outra.

A Cinco, também chamada de rua das professoras (lá moram muitas), é informatizada, tem instagram

e wattsapp próprios. Assim, se comunicam mais facilmente. As mulheres são prendadas: costureiras, bordadeiras, boleiras, doceiras, “cozinheiras de mão cheia”. Elas inventaram um prato e uma bebida típica da rua: a panelada (mistura de vários ingredientes, como batata, milho, feijão, rabada, bucho de boi etc) e o chá de capim santo com limão, que oferece grandes benefícios à saúde. O chá é uma espécie de “poção mágica” que, inclusive servem aos visitantes. Até o café que consomem é diferenciado: o arábica típico, colhido da planta original.

Ainda existem os tipos populares que animam a rua: o Tubarão dançarino (quando bebe cachaça faz uma festa) e Dedé agregado, contador de estórias. Enfim, os poetas, se visitassem a Cinco, a achariam uma ruazinha cheia de graça.

 

 

 

 

 

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