Política

A ilusão do multipartidarismo brasileiro

É lamentável como o sistema político brasileiro tem passado por uma concertátion às avessas. Porque é diferente daquela preconizada no Chile, entre governo e oposição, para que fosse possível implantar as reformas indispensáveis ao desenvolvimento do país e a reestruturação econômica e institucional, garantindo continuidade de gestão, transparência nos gastos e nas reformas macroeconômicas. No Brasil, essa concertátion tem contribuído para a extinção de algo vital em qualquer governo; sistema político e parlamento, que é a extirpação da oposição.

Quando se observa o quadro político federal, estadual, distrital e municipal, percebe-se que quem está no governo tem maioria absoluta, espaço na mídia, relegando as oposições a ocuparem o espaço de uma Kombi. No espectro político brasileiro, que têm três dúzias de partidos políticos, a grande maioria é de viés governista, seja lá qual seja o governo de plantão. Além de ocorrer um fenômeno altamente curioso; partidos oposicionistas a nível federal são alinhados a partidos governistas a nível estadual ou municipal, contribuindo assim, para a geleia geral do sistema político brasileiro, usando como subterfúgio as peculiaridades regionais do vasto território nacional, o que na verdade, só demonstra a falência do multipartidarismo.

Daí a ilusão do multipartidarismo brasileiro, um instituto caduco em todo mundo moderno, uma vez que o grande partido que impera no nosso sistema é o partido governista. A cada ano que se passa, mais a sociedade brasileira se encontra sob a ditadura do partido único. Não existe um só prefeito, um só governador, um só presidente que não tenha maioria absoluta e relegue a oposição a uma Kombi. E, desde a ascensão de Lula e do PT, o já corrompido e deturpado sistema político brasileiro parece ter ficado mais venal e governista.

É inestimável o papel da oposição para sociedade. Não apenas porque serve como fiscal do governo de plantão, mas, também, pela sua capacidade de suscitar debates, sugestões e, acima de tudo, de verbalizar as demandas da sociedade. Sendo inegável, também, o papel da oposição ao longo da história da sociedade brasileira, tanto pela redemocratização quanto pelas conquistas sociais alcançadas por intermédio do papel da oposição e dos partidos políticos. Todavia, com a ditadura do partido único, caminhamos para total inutilidade do sistema político, dos partidos políticos e do poder legislativo que se tornou em mero carimbador das decisões do poder executivo.

Nova Grécia:: Quando se analisa a economia brasileira com luva de relojoeiro, percebe-se que, afora o discurso governista, o ufanismo de determinados setores da imprensa, percebe-se que a economia não vai tão bem como se imagina e se propala. Isso porque o déficit público tem aumento, o espectro inflacionário dá sinais de recrudescimento. A questão da dívida interna é preocupante, o ajuste fiscal insuficiente, o setor produtivo dá sinais de retração. Afora esses fatores, a economia do país tem sido aquecida com asteróides, que com o tempo irá dificultar a situação macroeconômica, se o nível de inflação subir, pois uma parte do dinheiro que aquece a economia tem vindo de financiamentos, empréstimos compulsórios e crédito bancário, podendo gerar assim, uma nova bolha, que nos transformaria numa nova Grécia, só que uma Grécia continental.

Não existe peixe morto:: Apesar dos índices de rejeição do prefeito do Recife João da Costa (PT) serem astronômicos, ainda pode ser considerado o candidato mais forte na corrida para reeleição. Isso porque a oposição está dividida, esfrangalhada, e sem a força da canetada a nível federal, estadual e municipal. Se a Frente Popular não se dividir no Recife, o prefeito tem total condição de se reeleger, porque com a força da máquina municipal e estadual não se brinca.

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