G1/PE
Um adolescente de 16 anos morreu após ser baleado por policiais militares em Escada, na Zona da Mata Sul de Pernambuco, na noite de terça-feira (16). O jovem Marcelo Laureano Gomes Filho estava dirigindo o carro do pai, mesmo sendo menor de idade, quando foi ferido. De acordo com testemunhas, ele teria tentado fugir de uma blitz — por isso, um policial efetuou o disparo. A Polícia Militar confirma a ocorrência, mas diz que o tiro foi acidental e que o carro estava parado em frente a um banco antes da abordagem.
O caso foi registrado por volta das 23h em frente a um banco da Avenida Comendador José Pereira, no centro de Escada. Segundo a PM e a Delegacia de Escada, dois carros estavam parados em frente à agência bancária quando uma equipe da Companhia Independente de Operações e Sobrevivência na Área de Caatinga (Ciosac) passou pelo local. Os policiais teriam achado a atitude dos veículos suspeita e pararam para abordá-los. Nesse momento, o adolescente que dirigia uma caminhonete S10 arrancou com o veículo. Na perseguição, um dos policiais efetuou um disparo acidental, segundo a 3ª Companhia de Polícia Militar.
No entanto, a Força-Tarefa do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) afirma que ainda é preciso confirmar de onde partiu o disparo que atingiu o adolescente. Uma equipe do DHPP esteve no local da ocorrência na terça-feira para os exames periciais e registrou o caso. Agora, segundo o gestor da Força-tarefa, Neemias Falcão, essas informações serão repassadas para a Delegacia de Escada, que vai conduzir as investigações. “Ainda não temos como precisar de onde partiu esse disparo. Essas informações iniciais serão aprofundadas. A delegacia da área irá investigar e, certamente, chegará às circunstâncias dessa ocorrência”, falou Neemias nesta quarta, no Recife.
Ainda de acordo com Neemias, as informações de que o veículo conduzido pelo adolescente foi abordado pela polícia estão nos autos, mas é a perícia do Instituto de Criminalística (IC) que vai determinar se o disparo partiu de um policial militar. “Ainda não temos essa informação. Mas, ficando configurada a participação de um policial ou de qualquer pessoa, será a ela atribuída a condenação legal”, afirmou, dizendo que também não sabe o calibre do tiro ou a motivação do crime. O veículo dirigido pelo adolescente está na Delegacia de Escada e também será periciado pelo IC, de acordo com a polícia.
Veículo dirigido pelo adolescente está na Delegacia de Escada para ser periciado. Marca do tiro pode ser vista no vidro da janela traseira do veículo (Foto: Reprodução / TV Globo)Outra versão
Já os parentes e os amigos de Marcelo apresentam outra versão para o caso. Eles afirmam que o adolescente não estava parado na frente do banco. De acordo com eles, o jovem estava passeando de carro com um irmão e mais dois amigos. Quando eles chegaram à Avenida Comendador José Pereira, encontraram uma blitz policial. Para tentar fugir da fiscalização, já que era menor de idade e estava dirigindo, Marcelo fez um retorno. Nesse momento, o policial teria atirado.
“Meu outro filho contou que a polícia fez um bloqueio na pista. Quando Marcelo viu que ia ser abordado, tentou fazer um retorno para fugir. A polícia deu ordem para ele parar, mas ele não parou, com medo, e o policial efetuou o disparo. Os amigos ainda colocaram a mão para fora do carro dizendo que ele ia parar, mas não adiantou”, lamenta o pai da vítima, Marcelo Laureano Gomes, 52. O comerciante admitiu que deixava o filho adolescente dirigir seu veículo, às vezes. Mas, na terça, teria telefonado pedindo para ele voltar para casa porque estava tarde. Segundo Marcelo, o jovem pegou a caminhonete para ir com os amigos a uma pizzaria e, depois do jantar, eles resolveram dar um passeio pela cidade.
O pai do adolescente contou que o filho estava passeando comamigos quando viu a blitz e fez um retorno para tentar fugir. Nesse
momento, policial teria atirado(Foto: Reprodução / TV Globo)
O adolescente que estava na direção era o único menor de idade no veículo. O irmão, que estava ao lado dele, tem 19 anos. Os dois amigos que estavam no banco de trás têm 18 e 19 anos, segundo a família da vítima. “Meu filho de 19 anos não sabe dirigir e eu pedia para ele não entregar o carro a ninguém”, argumenta o pai.
Segundo ele, o adolescente foi baleado na cabeça com um tiro de fuzil e morreu na hora. O corpo foi encaminhado ao Instituto de Medicina Legal (IML) do Recife. Marcelo Gomes está na capital do estado na manhã desta quarta (17) para liberar o corpo do filho e levá-lo para Escada. O velório deve acontecer à tarde na capela da Vila Operária da cidade da Mata Sul. O enterro está
