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Aos 104 anos, Maracatu Cambinda Brasileira reafirma tradição mesmo sem desfilar

São 104 anos de tradição, mas os últimos dois do Maracatu de Baque Solto Cambinda Brasileira, de Nazaré da Mata, na Zona da Mata pernambucana, foram sem sair às ruas e participar dos concursos de carnaval. A agremiação, que virou patrimônio vivo do estado em 2019, vem buscando outras formas de manter viva a cultura.

Por ser patrimônio, o Cambinda ganha subsídio do governo pra pagar os custos da agremiação. É o maracatu mais antigo em atividade no estado.

Em 2021, os integrantes receberam o auxílio carnaval do estado e vão se inscrever para ganhar novamente o benefício. Mas a falta das apresentações durante o carnaval é um baque pros quase 180 integrantes do maracatu.https://8f3744a9ea12ec5c379e74b478ae1c86.safeframe.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

O agricultor José Estevão sente falta de vestir a fantasia reluzente de caboclo e brincar com a lança, encantando o público. “Eu sinto mais falta porque dia de domingo era dia de reunir todo mundo”, recordou.

Os integrantes do maracatu fizeram novas fantasias para o desfile de 2021, mas não tiveram a chance de tirar do guarda-roupa por causa da pandemia. As roupas trazem as cores da agremiação e o luxo, o glamour das cortes francesas do século 16.

Apenas a dama do passo veste roupa e véu pretos, uma forma de homenagear as vítimas da Covid e Dona Biu, que era costureira e madrinha espiritual do maracatu e morreu em abril de 2020, aos 72 anos. Um broche relembra a costureira.

Coube ao estudante de design de moda Raphael Freitas a missão de idealizar as fantasias e comandar a produção. “A vontade era de fazer o meu melhor. Era de recriar, fazer peças incrível, para que ela, se estivesse aqui, se sentisse representada”, disse o estudante.

O jeito encontrado para exibir as fantasias ao público foi montar uma exposição de fotos na internet. A assinatura é do fotógrafo Heudes Regis e o cenário foi o Engenho Cumbe, sede do maracatu.

Ederson Carlos é o artesão que faz as golas dos caboclos de lança e conta leva quase dois meses para finalizar uma peça, que é vendida a partir de R$ 800. São dois anos sem poder contar com esta renda extra.

“A falta que o carnaval deixa na gente é como se estivéssemos em outro lugar. Para o povo de Pernambuco e a gente que faz cultura popular, deixa um vazio imenso”, afirmou o artesão.

“Como é uma coisa passada de geração em geração, tem netos e sobrinhos que pretendem ingressar nessa brincadeira”, afirmou o neto de Dona Biu, Diêgo Salustiano, de 18 anos.

*G1PE

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