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Babá protagonista de foto polêmica durante protestos diz que se sentiu exposta

A foto de um casal vestido com as cores do Brasil à caminho da manifestação do dia 13 de março no Rio de Janeiro, enquanto a babá, de uniforme branco, empurrava o carrinho com duas crianças alcançou grande repercussão nas redes sociais e gerou polêmica. Em entrevista ao Jornal Extra, a babá Maria Angélica Lima, 45 anos, disse que se sentiu exposta com a repercussão do caso. “Não teve necessidade para tanto, eu acho que expôs a minha pessoa, os meus patrões e os filhos deles”, disse.

Ela também afirmou que concorda com o uso do uniforme. “Desde o momento que a gente trabalha e tem uniforme, a gente tem que usar”, explicou. Ao ser questionada sobre a manifestação, Maria Angélica diz que é favor do ato, mas não acredita que possa haver algum resultado. “Ela saindo (Dilma Rousseff), quem entrar vai continuar roubando. Infelizmente o Brasil é assim e quem sofre somos nós, os trabalhadores”, desabafou.

A mulher ainda contou que mora com o marido e duas filhas de 2 e 16 anos e trabalha como babá nos finais de semana para ajudar a pagar as contas de casa. “O pobre é que sofre. O preço da comida aumentou muito. Íamos reformar a casa, mas não vai dar”, disse Maria Angélica, que também contrata outra pessoa para cuidar das filhas às vezes.

A maior parte dos internautas viu na fotografia uma representação da desigualdade social no país. Alguns outros argumentaram que a mulher estava apenas exercendo seu trabalho.

–  Em publicação no Facebook, Claudio Pracownik, o patrão de Maria Angélica, afirmou que ganha seu dinheiro de forma honesta e trata a babá com respeito e dignidade. “A babá da foto, só trabalha aos finais de semana e recebe a mais por isto” disse.

Confira o texto na íntegra:

‘Sí Pasarán!

Ganho meu dinheiro honestamente, meus bens estão em meu nome, não recebi presentes de construtoras, pago impostos (não, propinas), emprego centenas de pessoas no meu trabalho e na minha casa mais 04 funcionários. Todos recebem em dia. Todos têm carteira assinada e para todos eu pago seus direitos sociais.

Não faço mais do que a minha obrigação! Se todos fizessem o mesmo, nosso país poderia estar em uma situação diferente A babá da foto, só trabalha aos finais de semana e recebe a mais por isto. Na manifestação ela está usando sua roupa de trabalho e com dignidade ganhando seu dinheiro.

A profissão dela é regulamentada. Trata-se de uma ótima funcionária de quem, a propósito, gostamos muito.

Ela é, no entanto, livre para pedir demissão se achar que prefere outra ocupação ou empregador. Não a trato como vítima, nem como se fosse da minha família. Trato-a com o respeito e ofereço a dignidade que qualquer trabalhador faz jus.

Sinto-me feliz em gerar empregos em um país que, graças a incapacidade de seus governantes, sua classe política e de toda uma cultura baseada na corrupção vive uma de suas piores crises econômicas do século.

Triste, só me sinto quando percebo a limitação da minha privacidade em detrimento de um pensamento mesquinho, limitado, parcial cujo único objetivo é servir de factoide diversionista da fática e intolerável situação que vivemos.

Para estas pessoas que julgam outras que sequer conhecem com base em um fotografia distante, entrego apenas a minha esperança que um novo país, traga uma nova visão para a nossa gente. Uma visão sem preconceitos, sem extremismos e unitária.

O ódio? A revolta? Estas, deixo para eles.

A patroa, Carolina Maia Pracownik, também utilizou o Facebook para falar sobre o caso. “Estou extremamente chocada e assustada com a nossa exposição forçada e com tamanha crueldade, violência expressa e ódio gratuito. O que é isto?”, questionou.

Leia a publicação na íntegra:

Sou uma mãe que não se expõe. Preservo minhas filhas e minha família ao máximo! Posto pouco sobre nossas vidas e respeito quem não o faz. Respeito este, que faltou para alguns.

Estou extremamente chocada e assustada com a nossa exposição forçada e com tamanha crueldade, violência expressa e ódio gratuito. O que é isto???

Fui para a rua com toda a minha família, e vou novamente! Minha babá folguista foi conosco nos ajudando com as meninas, e caso ela queira, irá novamente! Caso o país esteja bom para você, para a gente não está. Fomos para protestar contra toda esta corrupção vergonhosa e a falta de investimentos em diversos setores básicos do país.

Como meu marido escreveu, não devemos nada a ninguém! Pago meus impostos(altíssimos por sinal) e gero empregos. Minhas funcionárias estão comigo há anos. Sabem por quê? Primeiro porque querem, e depois porque trato-as com respeito e ofereço boas condições de trabalho. Elas usam uniforme? Sim, usam. Eu acho correto! Existe um “Dress Code” para diversas profissões: Médico, enfermeiro, porteiro, dentista, policial, bombeiro, advogados etc. E por qual razão as babás, com sua profissão regulamentada, não podem usar branco, traduzindo paz e assepsia ao cuidar de uma criança? Este argumento de discriminação é inaceitável e preconceituoso. Como dizem: o preconceito está nos olhos de quem vê. Não sou “madame” e não preciso “mostrar” que tenho babá. Eu escolhi ter a ajuda delas para cuidar das minhas filhas. Caso você não tenha feito esta escolha ou não precise, que bom para você! Eu tenho, quero ter e as valorizo! São profissionais atenciosas, cuidadosas, pacientes e carinhosas.

Não preciso esclarecer meu afeto óbvio as minhas filhas e nem assinar por escrito todos meus cuidados com elas. Imagine se minhas filhas fossem medir minha dedicação e o meu amor pela cor da minha pele, do meu cabelo, das minhas roupas ou se empurro ou não o carrinho em determinado momento. Minhas filhas reconhecem o meu cheiro, o calor do meu abraço, meu sorriso de aprovação, a segurança do meu colo e do meu enorme e transbordante amor!

Tamanha é a agressividade e a falta de gentileza. No meu lar, o discurso é afetuoso e os argumentos são inteligentes e calorosos.

Já o odio, o preconceito, a arrogância e a revolta, deixo para eles!

Sejamos felizes!

 

Do JC Online/ Com informações do Jornal Extra

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