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Carnaval acende alerta para avanço do zika vírus

No mesmo dia em que a Sociedade Brasileira de Infectologia alertou para o “coquetel explosivo” que é o Carnaval para a propagação do zika, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) divulgou o boletim que aponta avanço nas doenças transmitidas pelo Aedes aegpty. Em sete dias, de 3 a 9 de janeiro, as notificações de dengue cresceram 40,9% em relação ao mesmo período de 2015. Também aumentaram os registros de chikungunya e do zika com, respectivamente, 255 e 200. Pernambuco já tem 33 cidades com mais de 300 casos de doentes por 100 mil habitantes. São 43 municípios em alerta.

Com cerca de 1,5 milhão de foliões, o Estado é um dos maiores polos da festa no País. Portanto, um potencial foco para visitantes que podem ser infectados e levar vírus, como o zika, para estados onde os números de contaminados ainda é discreto. “Na verdade, o grande problema é a circulação das pessoas. Pernambuco está com uma situação crítica em relação às arboviroses e virá muita gente para cá. Gente de áreas com incidência menor. Essa circulação de pessoas pode disseminar ainda mais os vírus. Principalmente, chikungunya e zika vírus”, alerta o infectologista Demetrius Montenegro.

Outro ponto destacado pelo médico é o volume de lixo que o Carnaval costuma gerar, servindo de foco para proliferação do mosquito. “Essa é uma situação que é preocupante também”, afirmou. A possibilidade de contágio do zika vírus pela relação sexual, que foi relatada, mas não comprovada reforça a necessidade do uso do preservativo. Mas, Montenegro ressaltou que o sexo seguro previne de várias DSTs já conhecidas, a exemplo do HIV, que é uma ameaça mais real. O recado do médico para quem quer brincar com segurança é: “Além de não esquecer de usar camisinha, também não esquecer de usar repelente”.

Coordenadora de Arboviroses da SES, Claudenice Pontes destacou que as ações de vigilância estão sendo tomadas para minimizar a transmissão e pulverização dos casos durante o Carnaval. “A festa tanto pode propagar o que já temos, quanto trazer novas doenças”, comentou.

CHIKUNGUNYA – O boletim de arboviroses de Pernambuco aponta ainda a notificação de três mortes investigadas como suspeita de dengue ou febre chikungunya – Recife, Jaboatão e Timbaúba. No mesmo período do ano passado não havia óbito suspeito pela febre. O Ministério da Saúde confirmou as primeiras três mortes por chikungunya no País, na Bahia e Sergipe.

“Temos que começar a pensar a chikungunya nesses casos que são notificados como morte suspeita por dengue. Esses relatados agora pelo Ministério nos deixaram preocupados”, comentou Claudenice Pontes. Sobre o aumento de 40,9% de notificação de dengue entres os meses de janeiro, a coordenadora destacou que era esperado, uma vez que a situação epidemiológica do período anterior é bem diferente da vivida hoje, onde se conhece a circulação dos três vírus com sintomas muito parecidos. O que chama a atenção, disse, é um crescimento de casos de chikungunya. “A epidemia dela está avançando e vai continuar em 2016.”

Microcefalia: mais óbitos e casos

Subiu para 1.306 os casos suspeitos de bebês com microcefalia em Pernambuco. No boletim anterior, o número era de 1.236 crianças com a possível malformação cerebral. São 70 a mais em uma semana. Além do aumento das notificações, cresceu em 50% as mortes de bebês com microcefalia. Até 12 de janeiro eram seis casos. Agora são nove, sendo cinco bebês natimortos e quatro que vieram a óbito logo após o nascimento.

Segundo a SES, nenhum dos casos teve microcefalia como causa básica de morte. Os óbitos foram registrados no Recife (2), Ipojuca (3), São Lourenço (1), Bodocó (1), Bom Jardim (1) e Petrolina (1). O Ministério da Saúde já havia alertado em dezembro, que além da microcefalia, o zika vírus poderia aumentar o número casos de natimortos e abortos espontâneos.

GESTANTES – Já o número de gestantes que apresentou exantema (manchas vermelhas na pele) chegaram a 584 mulheres, moradoras de 69 munícipios pernambucanos, com prevalência maior no Recife (21,2%). São mais 120 mulheres em relação ao boletim do dia 12 de janeiro, quando eram 464 gestantes. Na última terça (19), o Ministério da Saúde acabou não atualizando os dados nacionais de microcefalia, que devem sair hoje. Pelo último relatório, com dados até o dia 9, eram 3,5 mil casos suspeitos, em 724 municípios de 21 unidades da federação. Existe a expectativa que o ministro Marcelo Castro venha ao Recife amanhã.

Folha de Pernambuco

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