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CARPINA// Aos 100 anos, idoso é exemplo de longevidade e lucidez

Por Paulo Ferreira

Contrariando o IBGE, que dá aos brasileiros a expectativa de vida de 73 anos, o aposentado João Germano da Silva, ou “seu” João de Tito, completa um século de idade no dia 10 de dezembro, com boa memória e saúde.

Ele é uma dessas pessoas raras que alcançou a proeza de um centenário e, apesar de ter enfrentado muitas adversidades na vida, tem espírito elevado, aparência jovial para a idade, sem apresentar sinais de demência e problemas sérios de saúde. Ele é bem humorado, comunicativo e ainda ajuda a manter a renda da família cortando cabelos e fazendo tarrafas. Ainda que vá completar 100 anos, é otimista e sai pelas ruas de Carpina convidando os amigos para a sua festa de aniversário: “vai ter missa campal, bolo, guaraná e bloco de carnaval”.

Com a memória impecável, ainda se lembra onde nasceu, “na Rua da estação, 630, em Lagoa do Carro”. A família veio morar em Carpina “no dia de São Pedro, em 1945, por causa de questões com os capangas de Chico Heráclio (Coronel Chico), de Limoeiro. “Meu pai foi avisado para fazer mudança”, disse. Contou histórias emocionantes dos tempos de muita pobreza. Lembrou-se de um episódio quando quebrou a clavícula jogando futebol: “Eu era o goleiro do Liberdade, que jogava contra o Cruzeiro”.  A data foi “em 25 de fevereiro de 1940 e quem me atendeu no hospital de Limoeiro foi o enfermeiro José da Lama”.

João de Tito serviu ao Exército aos 18 anos, “no 3º quartel de Olinda”.  Sua trajetória de vida é marcada por superação, trabalho e luta. Tem andar firme e corpo flexível (fez exercícios para provar), é magro, alto, simpático e fala muito (pedia para não ser interrompido para contar a história completa). “A minha vida não foi fácil, eram muitos irmãos, meu pai e eu precisávamos trabalhar muito para pôr comida na mesa”.

Ele começou trabalhando na agricultura desde criança para ajudar a família. Foi pouco à escola, mas disse que sabe lê e escreve o seu nome.  Também trabalhou como pedreiro e barbeiro, atividade que exerce até hoje. Ele mora à Rua Vidal de Negreiros, próximo ao Colégio Salesiano, que apontando orgulhoso, afirmou: “ajudei a construir”. Era namorador, boêmio e frequentador de cabarés, quando solteiro. Casou-se com Maria Rita Monteiro, “a moça que lavava e passava a roupa da família, quando mamãe morreu. Mas o pai dela avisava, não casa com ele, que é muito namorador”, confessou sorrindo. Desde criança também aprendeu a fazer tarrafas. Católico fervoroso, vai à missa todos os domingos. Ele falou que o segredo de sua longevidade era por “não ter arengado e nem se aperreado”. O segredo “é viver bem com os outros. Nunca briguei nem relei a mão em ninguém”. Ele gosta de passear pela cidade. Contou o neto, Aldenor da Silva Araújo, que “ele foge de casa e não para”. “Seu” João de Tito é uma pessoa popular em Carpina, gosta de festas e de dançar. Brincava os três dias de carnaval. Vestia fantasias, saia em blocos e troças carnavalescas. Lamenta que hoje o carnaval esteja “estranho”. Com o “coração de menino”, não gosta de ir a médicos e hospitais. Prefere as rezadeiras. Ao longo da vida, sofreu vários acidentes. Lembra-se de “duas vezes com moto e um, provocado por um caminhão”.

Viúvo, disse que nunca bateu na esposa, e detesta homem que bate em mulher. “Não tem vergonha”.  Sua família é grande, unida e carinhosa com ele. São seis filhos, sete netos e nove bisnetos. “E vem mais por aí”, avisou. É referência como chefe de família e exerce influência na formação de caráter dos netos e bisnetos. No final, convidou o repórter para sua festa de aniversário, “mas só no dia 10 de dezembro”, brincou.

Longevidade – Talvez tenha sido as atividades de trabalho que determinou a longevidade de João. Os médicos podem confirmar, pois para a neurologia, o segredo para viver bem e por muitos anos está na atividade física constante. A prática física previne a doença cerebral porque estimula a produção das boas endorfinas, da dopamina, da serotonina. Esses neurotransmissores são consequência da atividade física. Isso também determina a longevidade, segundo os especialistas.

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