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Ecolume aposta em tecnologia para irrigação com água de esgoto de escola

Até sexta-feira (14), uma comitiva formada por pesquisadores do IPA e do Insa, ligados à rede Ecolume, estarão em uma escola no sertão pernambucano, preparando o local para a instalação dos equipamentos

 Daqui há algumas semanas, inicia o período chuvoso no Semiárido. Mas já há registros de chuvas em regiões sertanejas. Apesar disso, enquanto se investe em culturas agrícolas que precisam de mais água do que o clima local pode oferecer, a água continuará sendo considerada um recurso escasso na maior parte do ano e desperdiçada. A fim de superar parte dos desafios hídricos, alimentares e energéticos da região, uma rede nacional de pesquisadores (Ecolume), financiada pelo CNPq e liderada por Francis Lacerda, meteorologista do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), aposta no uso de tecnologia social, no conhecimento tradicional e em recursos naturais disponíveis no local.

Para reduzir alguns problemas hídricos e fortalecer a produção familiar de alimentos, a pesquisadora defende o replantio de espécies do Bioma Caatinga, já adaptadas ao clima seco. A rede investirá inclusive em uma tecnologia adaptada pelo Instituto Nacional do Semiárido (Insa) para a transformação da água de esgoto para a irrigação de espécies nativas.

Liderada por Francis, os estudiosos buscarão viabilizar o inovador projeto de reuso da água da unidade que atua com agroecologia. “Nossa primeira missão é levantar dados para possibilitar a instalação da tecnologia adaptada pelo Insa, em parceria com a UFCG, para tratamento do esgoto da escola a fim que a água possa ser reutilizada com qualidade para produção familiar de alimento através de plantas da região”, explica.

Marcos Mayer, pesquisador do Insa, adianta que deverá ser utilizado um sistema combinado por tanque de equalização, reator anaeróbico e uma lagoa de polímeros. “Quando estiverem instalados e em funcionamento, serão capazes de retirar os organismos patogênicos da água do esgoto e remanescentes de materiais orgânicos, bem como serão eficazes para manterem os principais nutrientes para a irrigação das plantas, como nitrogênio e fósforo”, garante Mayer, que integra a comitiva ao Serta, junto aos pesquisadores do IPA, Eliane (Herbário) e João Paulo (Piscicultura).

O sistema do reuso da água será direcionado para irrigação de um projeto da rede de pesquisadores já em desenvolvimento na escola voltado para o replantio de plantas nativas da Caatinga, como o umbu. “Estas plantas têm potencial alimentar, nutricional e farmacológico, além de serem vitais para regular o microclima do local e, consequentemente, melhorar o ciclo hídrico, quando reflorestadas. A Ecolume estuda e investe nestas ações de recaatingamento em parceria com a UFPE, através da pesquisadora Márcia Vanusa, professora do Departamento de Bioquímica da instituição.

Cerca de dois mil mudas de umbu estão inclusive sendo cultivadas pela unidade do IPA Ibimirim. Francis e a comitiva de cientistas acompanharão como estão sendo desenvolvidas. As mudas serão replantadas em 2019.

Brasil-China

Francis volta ao Recife na quinta (13) para expor no Instituto de Estudos da Ásia um pouco dessas iniciativas da Ecolume, mas o foco da palestra será sobre o avanço das mudanças climáticas e seus efeitos no estado. O objetivo é debater sobre novos paradigmas diante da crise ambiental. O Instituto é coordenado pelo professor Marcos Lima, do Departamento de Ciência Política da UFPE. O evento será realizado às 14h no Centro de Filosofia e Ciências Humanas, auditório do Departamento de Ciência Política, na Cidade Universitária. A palestra será aberta para o público.

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