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Encontro de Maracatus antecipa o carnaval em Nazaré da Mata

Mais parecia tempo de carnaval em Nazaré da Mata. Cinco grupos de maracatu da região concentraram-se na Praça João XXIII para exibir suas indumentárias e desfilar em cortejo até o Parque dos Lanceiros, onde fica o Palco Canavial na cidade. Integrando a ampla programação do Festival Canavial 2013, a noite da sexta (22/11) foi um convite à magia desses brinquedos da cultura popular.

Os maracatus Águia Dourada, Leão Misterioso, Leão Tucano, Leão da Serra e Coração Nazareno, este só de mulheres, eram só alegria e concentração para fazer o melhor de si. Homenageado do festival, o professor Biu Vicente destacou algumas características das apresentações. “Achei muito bonito, embora eles não tenham vindo com as caboclerias completas. Alguns inovaram na forma de dançar e fizeram versos muito criativos”, opina.

Em suas observações, Biu ressalta ainda a poética diferenciada dos mestres mais jovens. “O carreirão de despedidas do Leão da Serra foi interessante. Esse é um maracatu com pouco tempo de existência e ainda muito jovem. Já o Leão Tucano fez uma dança que dava a impressão de ter um número maior de caboclos do que realmente tinha”, explica.

A união entre grupos de tradição e com pouco tempo de estrada proporcionou ao público diversos modos de fazer dessa expressão. Liderança do Leão Misterioso, o mestre João Paulo é mais conhecido como o papa do maracatu. Título que recebeu de um promotor que apoiou o grupo, fazendo referência ao papa João Paulo II. “Eu tenho 30 anos de brincadeira. Passei 23 anos no Leão Formoso e depois inventaram esse para eu tomar conta. Aprendi tudo vendo os mestres velhos”, conta.

Da nova geração, Sibia está à frente do Águia Dourada há cinco anos. “Me interesso desde os 12 anos. Comecei como diretor e depois os mestres foram me dando a oportunidade. Mas, para fazer isso tem que ter o dom para cantar pro povo. Para participar da sambada eu tenho que me preparar pelo menos seis dias e me calçar, pedir proteção”, relata.

Prova de que a manifestação não é apenas um elemento de cultura, mas também do sagrado popular. Ainda em referência ao encontro, Biu Vicente fez outra observação. “Aqui é maracatu de homens livres e você vê que eles estão armados. Esse pessoal vai nascendo das matas e sendo perseguido, mas eles são livres”, conclui. Finalizando a noite, Ítalo Pay e a Zabumba Mundi, de Goiana, cantaram músicas de autoria própria e arranjos baseados em ritmos populares de diferentes influências como coco, samba e MPB dos anos 1980 e 1990. A apresentação empolgou o público de Nazaré da Mata, que acompanhava em coro as canções interpretadas pelo músico.

Texto: Beth Oliveira

Foto: Ederlan Silva

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