Educação Últimas Notícias

EREM Severino Farias, de Surubim, realiza Semana de Educação Inclusiva

A Semana da Pessoa com Deficiência, que será vivenciada na Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) Severino Farias, em Surubim, no período de 27 a 31 de agosto, seguindo o tema “Educação Inclusiva: Diferente Perspectiva, Novos Desafios” é apenas mais uma entre muitas outras ações voltadas para os alunos com necessidades especiais promovidas pela unidade, que é modelo nessa modalidade de educação no Estado.

Fundada em 1975, a Escola Estadual Severino Farias começou a trabalhar com educação inclusiva no ano de 1994. Após consolidar o modelo pedagógico de inclusão de alunos especiais, a escola ganhou reconhecimento nacional, conquistando o maior prêmio da educação pública brasileira, o Prêmio de Gestão Escolar, em 2005, sendo considerada “Referência Brasil”. Segundo a diretora Karla Michelly Fabrício, tratar os diferentes de forma diferente não é promover a inclusão, que precisa ser feita através da socialização. “A relação entre eles é muito amigável e harmoniosa. Todos são muito bem acolhidos e ninguém é tratado como diferente ou coitadinho, eles são iguais”, afirmou.Em sala de aula, um profissional de Libras auxilia os alunos surdos. Além disso, na sala de recursos, os professores fazem a adaptação do material didático para a linguagem braile, atendendo aos estudantes cegos. O convívio entre alunos especiais e não especiais possibilita um aprendizado que vai além dos livros. “Trabalhar com educação especial humaniza a escola. Conviver com alunos especiais faz com que os ditos ‘normais’ vejam o mundo de forma diferente”, ressaltou Karla.

Tão iguais que muitos deles passaram a ser vistos como protagonistas. É o caso do aluno Leandro Silva, do 1º ano, que a despeito da cegueira auxilia outros estudantes como monitor das disciplinas de física e matemática. Protagonismo que também levou alguns deles à universidade, como a aluna egressa Clara dos Santos, 25 anos, deficiente visual, que está cursando Letras no curso à distância da UPE. Ela fala como a escola foi importante pra sua formação. “Antes não havia quem nos ensinasse braile e era muito difícil. A partir de 2011, as portas começaram a se abrir pra nós, através do trabalho desenvolvido na Severino Farias”, contou.

Na escola, Clara foi uma das primeiras alunas cegas a se interessar pela música, acompanhando os ensaios do coral. Quando contou ao maestro Flávio Diunizio sobre seu interesse de participar, gerou uma certa dúvida em como seria possível um cego conseguir acompanhar a regência. Ele então criou sinais como o estalar de dedos para indicar o início do compasso, para incluir a jovem. Os outros alunos também passaram a ajudá-la a acompanhar o andamento através do aperto de mão. Tudo era muito novo e começou a dar certo. Hoje o coral reúne estudantes cegos e outros sem deficiência, que se ajudam mutuamente.

“Na escola conheci ótimas pessoas, fiz amizades e entrei no mundo da música através do coral. Tudo foi uma constante troca de experiências. A partir desse contato, pude realizar um dos meus sonhos que era o de tocar flauta”, comentou Clara. Esse ambiente de auto-estima é incentivado pela escola, que recebe estudantes com necessidades especiais de várias cidades vizinhas.

A ex-diretora da escola, Célia de Farias Arruda, 86 anos, é uma das maiores entusiastas do coral, do qual é voluntária. Célia foi uma das fundadoras da Severino Farias e dirigiu a unidade na década de 70. Ela pôde acompanhar toda a evolução do ensino voltado para alunos especiais. “A escola dá uma boa oportunidade a esses alunos de se formarem cidadãos, principalmente os que estão no coral, pois eles se sentem muito valorizados”, disse.

Semana de Educação Inclusiva – De 27 a 31 de agosto, das 8h às 12h e das 13h às 17h, serão promovidas atividades como palestras, apresentações artísticas, cinema, passeios e recreação, na perspectiva do enfrentamento dos novos desafios da educação a partir do debate sobre ética e respeito às diferenças, direitos e deveres constitucionais para o bem estar do indivíduo e do coletivo. A programação conta, ainda, com a participação do Coral Severino Farias, que há 11 anos realiza um belíssimo trabalho de inclusão de estudantes cegos, desenvolvendo habilidades artístico-musicais. O coral fará a abertura do evento, na segunda-feira (27).

Deixe um comentário