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Estratégias de acolhimento evitam traumas no atendimento odontológico de pessoas autistas

Sem um acompanhamento odontológico especializado, que ofereça o devido acolhimento e que atenda às necessidades específicas de atendimento, o paciente autista pode desenvolver uma condição bucal precária. A opinião é do Dr. Thomaz Regazi, cirurgião-dentista especializado no atendimento a pessoas com diferentes necessidades específicas, como pessoas com deficiência, idosos, pacientes oncológicos, pediátricos e acamados.

Apesar de o Brasil estar incluído no 1/3 dos países membros da Organização das Nações Unidas (ONU) que dispõem de legislação para as pessoas com deficiência, a saúde bucal é a assistência em saúde mais negligenciada para este público, segundo o Conselho Federal de Odontologia.

“Em geral, a pessoa autista precisa ter acesso a especialistas de diferentes especialidades para acompanhar seu estado de saúde. As visitas ao dentista precisam estar dentro da sua programação anual. Idealmente, o primeiro contato da pessoa com o dentista deve acontecer já na infância, com o surgimento dos primeiros dentes, para que se familiarize com o profissional desde cedo. Com especialização e acolhimento, é possível atender muito bem este paciente”, afirma o Dr. Regazi.

Segundo o especialista, cada paciente é único e é necessário que o profissional conheça suas características específicas de desenvolvimento e detalhes que possam vir a dificultar a correta higiene bucal e o próprio atendimento odontológico, que pode ser em consultório ou domiciliar. A comunicação com a família e pessoas responsáveis também é fundamental para que as consultas sejam tranquilas e não causem qualquer trauma ao paciente.

Dependendo do grau do transtorno do espectro autista (TEA) e outros fatores que promovam uma saúde oral desfavorável, como uma dieta cariogênica, hábitos como apertar ou ranger os dentes, morder bochechas, lábios e língua, entre outros, o paciente autista pode apresentar diferentes problemas orais, que exigem o devido tratamento.

“Para a prevenção e adequado acompanhamento da saúde bucal, o cirurgião-dentista precisa conhecer técnicas terapêuticas que acolham este paciente, de modo a transmitir segurança e conquistar a confiança necessária para que ele se sinta confortável com o atendimento”, esclarece o Dr. Thomaz.

Estratégias que evitam traumas no atendimento

O tratamento de pessoas com TEA requer uma abordagem personalizada, que se inicia durante o primeiro contato com os familiares ou cuidadores, para o devido entendimento da situação do paciente. 

Segundo o Dr. Regazi, é possível oferecer métodos terapêuticos direcionados como, por exemplo, proporcionar um ambiente tranquilo e com pouco estímulo visual, luzes reguláveis e música de fundo suave, que ajudam a acalmar o paciente que reage exageradamente a estímulos visuais, auditivos, olfativos, entre outros.

“Em casos de urgência odontológica, em que há necessidade de cirurgia e o paciente se recusa a abrir a boca por medo, dor ou estresse, o uso do óxido-nitroso ou o apoio de um médico anestesiologista podem contribuir para um atendimento bem sucedido, sem gerar traumas ou oferecer riscos ao paciente durante o tratamento”, aponta. “O mais importante é não privar estes pacientes dos cuidados com sua saúde bucal, tão importante para seu bem-estar e saúde como um todo. Para isso, os familiares devem buscar um profissional especializado neste atendimento a fim de garantir um tratamento odontológico adequado”, conclui.

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