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CARPINA: Familiares de criança assassinada com tiro na cabeça doam seus órgãos

JC

Tácio, pai da garota, diz que há conforto em saber que pode salvar outra vida Bobby Fabisak/JC Imagem

Arrasados, revoltados, cheios de dor, mas solidários.  Em meio ao sofrimento com a tragédia da morte da filha, Isabel Kelly Leandro de Souza, 3 anos, os pais da menina tomaram a difícil decisão de doar seus órgãos.   Atingida por um tiro na cabeça, no domingo (14), durante a festa de seu batizado, em Carpina, na Zona da Mata Norte Kelly morreu na noite da quarta-feira e ainda ontem à noite seria feito o transplante de seus rins para um receptor de 18 anos.

“Não foi fácil decidir. A mãe ficou aperreada pensando que iam tirar partes da filha, mas conversamos e ela concordou. Conforta saber que podemos salvar outra vida”, declarou o pai da menina, o servente de pedreiro Tácio José Fernando de Souza, 23, enquanto aguardava, desolado, a liberação do corpo de Kelly no Instituto de Medicina Legal (IML), ontem à tarde, para enterra-lo em Carpina. Tácio é separado da mãe da garota há cerca de dois anos e não estava no batizado. “Eu pegava ela nos finais de semana. Esse batizado ia acontecer há um mês, mas foi adiado. Acabou nem acontecendo mesmo”, lamentou.
Quem disparou contra a criança e outras duas pessoas foi Carlos Antônio de Lima, conhecido como Moreno, marido de uma tia-avó de Kelly, que está preso. Ele era convidado da festa, brigou com a esposa por ciúmes, puxou um punhal, mas foi contido e retirado do local. Depois voltou, junto com um desconhecido, atirando na intenção de acertar Israel José de Lima,  baleado na perna, e acabou atingindo também a mulher de Israel, Miriam Kelly do Nascimento Farias, 27, que passou na frente dele e morreu na hora. Kelly brincava em frente  de casa.
A coordenadora da Central de Transplante de Pernambuco, Noemy Gomes, explica que só foram retirados os rins para doação porque ela teve uma parada cardíaca e foi preciso correr contra o tempo. “Sem o coração batendo, fazendo o sangue circular, os órgãos vão deixando de funcionar”, esclarece. “Também não tínhamos doador compatível para os outros órgãos, não daria tempo de enviar para outro Estado”.
Como a criança era pequena os dois rins precisaram ser transplantados em uma mesma pessoa. Até maio, 521 transplantes foram realizados no Estado, sendo 220 órgãos (coração, fígado, rins e pâncreas) e o restante, tecidos (córnea, medula, válvula cardíaca). “Houve um aumento de 34% no número de doações de órgão em relação ao mesmo período do ano passado, mas ainda há um índice de negativa familiar em torno de 54%”, salienta Noemy.

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