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Famoso Sarapatel de Carpina está no cenário internacional

Paulo Ferreira

Há alguns meses, fazia muito sucesso na televisão brasileira a novela “Império”, de autoria do escritor Aguinaldo Silva, realizada pela Rede Globo. A trama gira em torno de um pernambucano de Carpina, que foi para o Rio de Janeiro tentar uma vida melhor. Ele tornou-se um rico empresário de joias. O autor também nasceu na cidade-planalto e emigrou para o Rio, e chegou a ser famoso jornalista e dramaturgo.  Atualmente, a novela ganhou o Emmy Internacional 2015, o “Oscar da televisão”, como a melhor do mundo. A novela já foi vendida para mais de 15 países e a expectativa da emissora é que seja licenciada para 130 nações. O principal personagem, Zé Alfredo, apesar de rico e famoso, nunca se esqueceu do sarapatel que saboreava em Carpina. Para “matar” a saudade do prato preferido, vez por outra vai a um bar de outro nordestino. Zé Alfredo sempre faz menção da sua cidade natal e a um de seus pratos típicos: o sarapatel.

sarapatelMoradores de Carpina afirmam que se trata do sarapatel de D. Creuza, muito procurado pelos habitantes e visitantes na feira livre da cidade.  A “banca” ou barraca de D. Creuza Fernandes da Silva, 77 anos, já se constitui como atração turística. Ela acha possível que seja do seu produto que falam na novela, mas não assistiu. A culinarista nos contou que a receita do sarapatel é herança de sua mãe, D. Severina, já falecida, é claro. “Quando mamãe ficou viúva, e não tendo como sustentar os filhos, resolveu abrir um negócio para vender sarapatel, galinha a cabidela, pratos à base de carne de boi e porco, cuscuz, macaxeira e inhame, bebidas fortes e refrigerantes. O mesmo aconteceu comigo, quando enviuvei, para sustentar meus sete filhos (dois foram morar em São Paulo); fui ajudar na banca de mamãe”, relembrou. A barraca, hoje, funciona na segunda esquina da Rua Manuel Borba, de quinta-feira a sábado, de dia; noite e madrugada. “Na época do trem fereiro, que trazia gente, a partir do Recife, para a feira livre de Carpina, a nossa banca era muito visitada. O sarapatel também era o prato preferido de todos. Comiam, bebiam cachaça e ainda levaram sarapatel para suas casas. Hoje ainda vem gente do Recife, de Olinda e de outras cidades comprarem meu sarapatel. Comem com macaxeira, cuscuz ou simplesmente como tira-gosto da cachaça. Meus bêbados são bons comigo e fregueses fiéis. Enquanto comem e bebem, parecem crianças grandes! Não me interesso pelo que falam, sei que discutem sobre mulheres, futebol, política, religião. São todos ricos e felizes. Ainda recebo visita de pessoas que saíram daqui para buscar uma vida melhor em outras partes do Brasil, mas, quando vêm visitar parentes e amigos aqui, não deixam de vir a minha banca. Já ouvi dizerem: “Quem vem a Carpina e não prova o sarapatel de D. Creuza, não conhece Carpina”.

A receita – “Na época do Bar de Santa, na “rua do Inferno” (nome popular da antiga zona de prostituição da cidade), havia mais movimento e animação. Não tinha a violência de hoje. Há alguns dias, dois adolescentes foram mortos aos pés de sua mãe, perto daqui. Não conheci a dona daquele bar; dizem que era uma mulher boa e ajudava a muitas mulheres. Acho que foi a única Santa que morou no inferno”, comentou, e sorrimos. Devota de São Sebastião, D. Creuza é uma senhora simples, bondosa e simpática. Disse que já criou os filhos e ainda vende sarapatel “para inteirar os meus remédios”. Ela sofre de pressão alta, diabetes e precisa fazer uma cirurgia de catarata. Diferente de outras culinaristas, não esconde o segredo: “Os ingredientes do sarapatel são poucos: sangue e miúdos de porco, temperos secos e verdes. Depois da preparação dos miúdos, colocam-se os secos (alho, folha de louro, vinagre, cuminho, sal e colorau) um dia antes de ir para o fogo. Os verdes, (Tomate, cebola, pimentão, coentro), na hora do cozimento. Agora é só mexer e esperar cozer”, explicou.

O freguês Carlos Alberto dos Santos, 68 anos, afirmou: “O sarapatel de Carpina é muito gostoso; acho que é o melhor do mundo”!

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