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Jovens negros são principais vítimas da violência no Brasil. Pernambuco é o 3º pior Estado

Da Agência Brasil

Dados do relatório Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014 mostram que a população negra entre 12 anos e 29 anos é a principal vítima da violência. O estudo, divulgado nessa quinta-feira (7), mostra que os estados onde o jovem negro corre mais risco de exposição à violência estão na Região Nordeste. Alagoas, onde o risco de homicídio da juventude negra é oito vezes maior, tem o maior coeficiente do Índice de Vulnerabilidade Juvenil (IVJ).

Em seguida, Paraíba, Pernambuco e Ceará são classificados como tendo muito alta vulnerabilidade, de acordo com o levantamento feito pela Secretaria Nacional de Juventude (SNJ), pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Ministério da Justiça e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) no Brasil. Entre as unidades da Federação com coeficientes abaixo de 0,3 estão São Paulo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Minas Gerais e o Distrito Federal. O levantamento foi divulgado pela Secretaria-Geral da Presidência da República e pelas Nações Unidas (ONU).

O relatório traz ainda comparativos específicos sobre as taxas de homicídio de negros e brancos. “Os jovens negros no Brasil são duas vezes e meia mais vítimas de homicídio do que o jovem branco”, alerta a diretora executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Samira Bueno. Em algumas localidades, a proporção chega a 13 vezes, como é o caso da Paraíba. “ revela um quadro agudo e extremamente grave”, acrescenta.

Em segundo lugar em relação aos homicídios de jovens negros está Pernambuco, onde o risco é de 11,57 vezes maior, seguido de Alagoas com um coeficiente de 8,75. O Paraná é o único estado onde a vulnerabilidade relacionada ao homicídio é maior para os brancos, 71,2. Os jovens negros foram vítimas de homicídios 30% a mais do que os brancos em 2013, e 18% mais encarcerados.

Segundo Geovan Bantu, coordenador do Fórum Nacional de Juventude Negra, o problema se deve ao racismo que está impregnado na sociedade brasileira. “Temos um processo de racismo instituído no país, nas corporações, nas escolas, no sistema judiciário, no sistema de segurança pública, temos um problema de racismo institucional. Essa falta de representatividade dos negros no poder, e ainda uma mídia completamente irresponsável que coloca o jovem negro em condição de marginal, gera um sentimento na sociedade de que negros não são nada, não têm direitos”, lamentou.

O secretário Nacional de Juventude, Gabriel Medina, destaca algumas iniciativas como o Programa Juventude Viva, que pretende reduzir a violência contra esses jovens. Mas reconhece que a máquina do Estado, pela burocracia e muitas vezes pela dificuldade de acompanhamento, faz com que as iniciativas muitas vezes tenha dificuldade de chegar no local exato que precisa chegar. “A gente tem a identificação desses problemas, obviamente que sabemos das críticas ao plano, e estamos inclusive formatando agora uma proposta do que nós estamos chamando de segunda fase do Juventude Viva, mais conectada com outros ministérios, que tem um papel fundamental, como o Ministério da Justiça, e a própria Secretaria Especial de Direitos Humanos”, afirmou.

Outra medida que também será adotada é a elaboração de um Pacto pela Redução dos Homicídios. A medida deve ser organizada pelo Ministério da Justiça em parceria com outros órgãos. Saiba mais na reportagem de Danyele Soares:

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