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Mãe que matou filho e escondeu corpo em sofá vai responder por homicídio e ocultação de cadáver

João Henrique do Vale– Estado de Minas

“A todo momento que ela chorou, as lágrimas eram pelo que iria pagar e não pela perda do filho.” Foi assim que o delegado Davi Batista, da 9ª Delegacia de Homicídios de Ibirité, definiu os sentimentos de Marília Cristiane Gomes, de 19 anos, que confessou ter assassinado o filho Keven Gomes Sobral, de 2, e escondido o corpo em um sofá. Na tarde desta terça-feira, a mulher foi apresentada e afirmou que não tinha a intenção de matar o filho e se disse arrependida. Ela vai responder por ocultação de cadáver e homicídio.
Durante a apresentação, o delegado contou o passo a passo de como aconteceu o crime, cuja  motivação foi por motivo fútil. Conforme Batista, a morte aconteceu na última quinta-feira. Neste dia, Marília chamou a polícia, dizendo que o filho havia desaparecido de casa. Ela contou que estava lavando roupas enquanto o menino dormia e criou uma história de que ele havia sumido.
No dia seguinte, o Corpo de Bombeiros foi acionado e fez buscas pelo garoto. Alguns militares arrombaram a casa onde Keven foi encontrado, mas o corpo não foi encontrado. No domingo, o corpo foi encontrado depois que a tia da criança, Lucimeire de Souza Antunes, de 21, chegou em casa e notou um cheiro forte vindo do sofá. Ela chamou o pai do menino, que encontrou o corpo.

A equipe da Delegacia de Homicídios da cidade assumiu o crime na segunda-feira. Os investigadores foram até o Instituto Médico Legal (IML) de Betim, onde o corpo foi levado, e começaram a estranhar a atitude da mãe. “Nós nos deparamos com ela conversando com uma assistente social tentando a liberação do corpo. O que nos chamou a atenção foi o jeito dela. Parecia tranquila e sem mostrar nenhum sentimento pela morte da criança”, explica o delegado Davi Batista.
Marília foi chamada para a delegacia para prestar depoimento. Segundo o delegado, já entrou no local como suspeita e não como testemunha. Em suas oitivas, apresentou várias contradições, e, conforme as investigações, tirava de si a responsabilidade. “O tempo todo tentava se desvencilhar da culpa. Para se proteger jogou a culpa para outros parentes e pessoas e até para o marido”, afirma o delegado.

Ao notar que a polícia já suspeitava de seus depoimentos, a mulher acabou confessando. De acordo com Batista, o pai da criança, ao ouvir a crueldade da mulher, passou mal e teve de ser amparado por investigadores.

Nervosismo por causa do celular

Bastante fria e sem mostrar arrependimento, Marília contou detalhes de como aconteceu o crime. “Ela diz que o menino estava dormindo e quando se levantou mexeu no celular. O aparelho caiu e o garoto deu um tapa na mão dela quando foi pegar o telefone”, conta o delegado. Foi nesta hora que Marília perdeu a cabeça e cometeu o crime. “Nervosa, conta que pegou as duas mãos da criança e a arremessou com força na cama do casal. O menino bateu a cabeça na parede e desmaiou.”

Durante o depoimento, a mulher contou que o garoto começou a mudar de cor e notou uma espuma branca na boca dele. Como ficou com medo de ser linchada e presa, não contou para ninguém sobre o caso. Para tentar se livrar da criança, pegou-a no colo e a levou até a casa vizinha, que pertence aos cunhados. Lá, pegou um lençol, enrolou o corpo e tirou o forro do sofá. Depois de colocar o menino na madeira, voltou a colar o forro do móvel.

Arrependimento

Durante a apresentação, Marília mostrou um semblante triste, mas em nenhum momento derramou uma lágrima. Ao ser questionada, se mostrou arrependida. “Quero pagar pelo crime. Estou sofrendo muito. Não chamei a polícia porque estava com medo de ser presa. Não tinha intenção nenhuma de matar meu filho. Queria que alguém encontrasse o corpo, por isso chamei o Corpo de Bombeiros”, disse.

De acordo com o delegado, a mulher vai responder por ocultação de cadáver e homicídio. Ela foi presa em flagrante pelo crime e a prisão já foi convertida pela Justiça para preventiva.

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