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Maestro Duda faz 80 anos com carnaval no Centro do Recife

José Teles/JC Online-

“Às 17h, na Praça da Independência, esperamos contar com a presença dos colegas músicos com seus instrumentos, para agradecerão ao maestro Duda por suas partituras que contribuíram com nosso aprimoramento musical”, a convocação está sendo postada desde a semana passada no Facebook, pelo maestro Ademir Araújo. A intenção é celebrar em grande estilo o aniversário de 80 anos de José Ursicino da Silva, maestro Duda, um dos mais importantes músicos da história não apenas do frevo nem da música pernambucana, mas da brasileira.

“O presidente da Federação Carnavalesca me disse que ia mandar os estandartes dos clubes. A verdade é a seguinte: depois que tomaram aquela praça pra fazer camarotes, Ademir passou a chamar de A Praça dos Esquecidos. Ali sempre foi o Quartel General do Frevo, isso aí é um motivo para todo mundo ir lá festejar. Vai ser um grito de Carnaval pra comemorar meus 80 anos”, diz Duda, Patrimônio Vivo de Pernambuco, em plena atividade:

“Chego aos 80 anos me sentindo completamente feliz, porque eu vivo exclusivamente da música. Num tempo difícil desses, chegar a esta idade fazendo música é uma coisa muito difícil.” Da tradição dos maestros que saíram das bandas de música de interior, Duda nasceu em Goiana, na Mata Norte pernambucana, a 62 km do Recife. A cidade abriga as duas mais antigas bandas de música em atividade no Brasil. Tão antigas que dividem a cidade em torcidas, como clubes de futebol:

“Aquilo são 170 anos de rivalidade, a Curica e a Saboeira. Nasci numa família que é da Saboeira, fui aprender nela, na banda onde meu pai era músico”, recorda­-se o maestro. “A cidade tem três patrimônios vivos: eu, a Curica e Zé do Carmo, artista que faz santos em barro, o artesão. Então, a câmara municipal me concedeu, em setembro, a maior honraria da cidade. Pedi que no dia festa eles convidassem as duas bandas, a rivalidade permanece, mesmo assim elas foram”, conta.

“Apesar de eu ser Saboeira, a Curica também toca muita música minha. Na hora, pedi pra Saboeira tocar uma música e a Curica tocar outra. Cada uma tocava uma música. Aí eu disse: as duas vão tocar juntas, eu vou reger as duas bandas. Tocaram juntas Nino O Pernambuquinho, foi a celebração da paz”, comemora Duda. “Se sou Patrimônio Vivo de Pernambuco e desta cidade, nasci e me criei aqui, o mundo inteiro toca música minha, e aqui continuar esta rivalidade? Vai tocar as duas juntas. Foi um espetáculo muito bonito”, orgulha­-se o maestro.

No entanto, sua grande escola foi a Rádio Jornal do Commercio, nos anos 1950, revela Duda, que fez parte da lendária Orquestra Paraguary, numa época em que a maioria da música tocada na emissora era ao vivo. A Paraguary acompanhava os artistas locais e os que vinham do Rio, as estrelas da Rádio Nacional: “Traziam os arranjos debaixo do braço. Tinha que fazer ao vivo, com orquestra ­ não era playback nem trazer um pen drive e botar pra tocar e cantar em cima. Quando chegavam na minha mão, arranjos de Radamés Gnattali, Lyrio Panicali, Guerra-­Peixe eu pegava a partitura e ia estudar”, garante.

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