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MATA NORTE// Santuário ecológico sofre desflorestamento

Por Paulo Ferreira/ VP

A segunda maior reserva remanescente de Mata Atlântica do Nordeste, a grande mata da Serra do Mascarenhas, que abrange vários municípios da Zona da Mata e Agreste, está sendo desmatada. A denúncia é da Organização Não Governamental IPDAPE, (Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Ambientais de Pernambuco), com sede em Vicência, através de seu presidente José Ednilson da Costa. Cada vez mais a mata perde espaço para as plantações de bananeiras. O que ocorreu nos séculos passados com nossas florestas, que foram devastadas para plantações de cana-de-açúcar, parece que está acontecendo em Vicência, Macaparana, São Vicente Férrer, Timbaúba, Machados e outros.

O projeto de criação da Área de Preservação Ambiental Serra do Mascarenhas foi desenvolvido para uma área de 32 mil hectares, mas foi reduzido drasticamente para 4 mil hectares, devido a pressões dos agricultores. De acordo com José Ednilson, “Os graves problemas de desmatamentos na Serra do Mascarenhas, que também atinge outras partes do Vale do Siriji e mediações, não são de desconhecimento da Companhia Pernambucana de Recursos Humanos (CPRH). Um conjunto de fatores vem contribuindo para esses crimes ambientais.

Entre eles: a falta de atuação do IBAMA (Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais); denúncias feitas na CPRH não fazem quase diferença, denunciar ao CIPOMA (1ª Companhia Independente de Policiamento do Meio Ambiente), na maioria das vezes demora muito a vir a fiscalização e boa parte das secretarias municipais de meio ambiente são apenas mais uma secretaria”, disse. A área é de grande interesse turístico, com diversas atrações para o turismo rural, religioso, de aventuras, esportivo, ecológico, científico, cultural e contemplativo. Mas os órgãos que cuidam do turismo não vêm dando a devida atenção no sentido de preservar a mata e suas riquezas naturais para explorar o seu potencial turístico.

vicencia-02Com as ações de desmatamento, perdem-se recursos hídricos, de fontes de água abundantes que estão secando, mata ciliar, biodiversidade e sustentabilidade. O cartão postal de Vicência e outros municípios sofre com erosões, que formam crateras no solo, impedimento do curso natural dos poucos mananciais que restam, extinção da fauna e flora (algumas características da região), assoreamento de riachos e descaracterização da beleza paisagística.

O problema é de grande preocupação, também para os moradores desses municípios, que procuram as autoridades públicas, mas não são atendidos. “O IPDAPE vem fazendo o que pode e o que não pode, para ajudar a salvar o que resta do Santuário, enquanto os órgãos públicos, criados para tal função, parece não funcionarem. Entre os desmatamentos mais graves que sabemos, estão os do Engenho Xixá, em Timbaúba, e nas mediações do Pico do Mascarenhas, entre Vicência, Timbaúba e Macaparana”, reclamou Costa.

Diversas denúncias foram feitas pelo IPDAPE, mas nenhuma providência foi tomada até o momento. Ele explicou que “alguns desmatamentos acontecem de dentro da mata para fora e, quando vêm se perceber, a destruição já tem tomado proporções consideráveis e as bananeiras crescem rápido e logo substitui a mata”, lamentou. A ONG denunciou que acontecem desmatamentos em Taboquinha, próximo a São José do Siriji (São Vicente Férrer); outro a 4 km do trevo de Siriji, em direção a Machados, outro próximo ao povoado de Borracha, no Engenho Cêpo, no Engenho Pagi e Barragem do Siriji, em Vicência. Esta barragem, que abastece diversos municípios, teve suas margens reflorestadas, mas atualmente estão sendo devastadas e substituídas por bananeiras.

A Serra – Com aproximadamente 30 Km de extensão, a Serra do Mascarenhas estende-se de leste a oeste desde a Serra do Pirauá, na Paraiba, até Caueiras, em Aliança. Apresenta em sua altitude uma média de 450 a 600 m, como a Pedra do Mascarenhas ou Pico do Mascarenhas (600 m), com escarpa rochosa e muito íngreme, no caso do Pico do Jundiá, com 470m. Várias cabeceiras de riachos nascem na Serra do Mascarenhas para formar o Rio Siriji, além das fontes de água mineral. Ao norte da mesma Serra, nasce o Rio Capibaribe Mirim. Os vilões dos desmatamentos, que antes eram os senhores de engenhos e os usineiros, nos últimos nove anos são os bananeiros, conclui o levantamento do IPDAPE.

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