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Mestre Saúba (Homenagem póstuma ao mestre, do Voz do Planalto) 

Por Paulo Ferreira

Em Carpina havia um homem que fazia madeira falar, cantar, sorrir, contar  histórias , ou chorar. Veio o ódio e ceifou sua vida. Era Antônio Elias da Silva, ou Mestre Saúba .  “Entalhador de bonecos na madeira do mulungu e criador de histórias, onde tipos populares eram os heróis. Ele  utilizava também temas bíblicos, da escravidão e outros  que mexem com a emoção do povo” ( do livro Carpina, Terra do Leão do Norte). 

O verdadeiro artista é aquele que encanta o povo, aquele que brinca de ser Deus; fazendo bonecos/gente de madeira ou barro, pano ou palha. Geralmente utilizam materiais da própria natureza para fazer a sua arte. Há quem vê, em uma simples pedra ou seixo, uma tela e pinta uma paisagem. O verdadeiro artista, o popular, é que cria obras de arte. Deus criou e o artista popular imita-o. Eles reinventam até a natureza. 

 A trágica morte de Mestre Saúba é uma grande perda para a cultura carpinense. Infelizmente não é somente as autoridades que desprezam, ou pouco valorizam a cultura popular, quanto à erudita dão mais valor (aos pobres é mais fácil enganar…).  A própria sociedade também não dá o respeito e valorização devida aos artistas populares, a maioria, pobres. Um  país sem cultura popular, não tem identidade. 

Mestre Saúba morava em Carpina, porém Carpina não o valorizava, como devia (nem foi velado na Câmara dos Vereadores). Que por Saúba, daqui para frente, Carpina prestigie seus artistas (populares ou não), seus escritores e menestréis. Que por Saúba, Carpina aprenda uma lição: ou se cuida de seus filhos; ou vem o mal e os traga.  

Vamos valorizar Saubinha, o Bibiu das Bonecas, filho do Saúba; Gilvan das Burrinhas, o Flor do Tamarindo, o Bloco Lira, Carlinhos Melo, Anax Salgado, Angelina Melo, Rodrigo Sábio, Lurdinha Rangel, Edite Marinho, Deca Mamulengueiro, Viana Sanfoneiro,  Carlos Aires, Biu da Luz, Edivaldo Zuzu, João Galego, João Maia e tantos outros artistas, escritores e artesãos. Carpina é um celeiro cultural. 

Por mestre Saúba, vamos plantar e preservar a àrvore do mulungu, em extinção. Vamos amar, cuidar e valorizar a arte popular; por Mestre Saúba. Vamos trabalhar para fazer sorrir nossas crianças (enfeitiçasdas pelos celulares e as “doutrinas” escolares). 

Agora, neste momento, arrodeados por anjinhos e sob o olhar divino, os mestres Saúba, Solon e Biá fazem mugangas e estripulias com bonecos de nuvens. Inconsoláveis, Benedito e Lindalva chorarão eternamente. Desprezados na Terra; amados no céu. 

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