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Museu do Estado recebe exposição com obras de grandes nomes das artes plásticas brasileiras

Cícero DiasCícero Dias

Em mais uma iniciativa de valorização da cultura brasileira e da produção artística local, o Museu do Estado de Pernambuco (MEPE) inaugura nesta terça-feira, 26 de agosto, a exposição Narrativas Poéticas – Coleção Santander Brasil. A mostra utiliza como referência a relação entre artes plásticas e poesia, com curadoria de Helena Severo. Além dos artistas pernambucanos que já integram o acervo do Santander, como Gilvan Samico, Cícero Dias e José Cláudio, trabalhos de outros dois talentos do Estado, Joaquim Cardozo e Carlos Pena Filho, foram especialmente selecionados para compor a narrativa no Recife.

Com percurso livre, a exposição tem como objetivo levar a arte brasileira a um público amplo e oferecer múltiplas possibilidades de leitura para as obras de seu próprio acervo, com o apoio narrativo de fragmentos de poemas selecionados. A Coleção Santander Brasil, formada pelas obras de arte dos bancos que foram sendo integrados ao grupo, reúne um significativo capital da cultura brasileira. A partir da análise deste conjunto, identificou-se um expressivo núcleo de arte moderna brasileira, além de diferentes manifestações culturais, incluindo arte popular e de cartografia dos séculos XVII ao XIX.

“A vinda da exposição Narrativas Poéticas para o Recife, através do Santander, é um grande presente para o pernambucano. Uma experiência artística importante, que só contribui para o enriquecimento do nosso repertório cultural e para a valorização das artes plásticas brasileira”, diz o secretário de Cultura de Pernambuco, Marcelo Canuto. Ele também saúda a parceria que o Santander firmou com o Governo do Estado, através do MEPE, que proporcionou esta exposição, entre outros projetos.

Maria Digna Pessoa de Queiroz, diretora do MEPE, afirma: “Estamos muito felizes em receber Narrativas Poéticas aqui no Museu do Estado. Mais felizes ainda em perceber que nomes pernambucanos como Samico, José Cláudio e Cícero Dias fazem parte da coleção. Sabemos da importância deste acervo para a memória das artes no Brasil”.

Gilvan SamicoGilvan Samico

Após anos de rigoroso trabalho de catalogação, conservação, restauro e pesquisa, esta é a primeira exposição itinerante com obras da Coleção Santander Brasil. Entre as 59 obras que fazem parte da exposição, destacam-se as de expoentes do Modernismo brasileiro, como Candido Portinari, Emiliano Di Cavalcanti, Alfredo Volpi e Tomie Ohtake, e também alguns trabalhos recentes, de artistas como Tuca Reinés, Fernanda Rappa e Renata de Bonis.

O poeta, filósofo e ensaísta Antonio Cicero, em parceria com Eucanaã Ferraz, é responsável pela seleção de 48 fragmentos de poemas de 24 grandes poetas brasileiros, como João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e Vinicius de Moraes.

Outro diferencial da exposição é a inclusão de quatro obras reproduzidas em alto relevo para vivências táteis de pessoas com deficiência visual. São quatro totens que contêm relevos em resina das telas selecionadas, que poderão ser manipulados. As obras escolhidas foram Baile no Campo, de Cícero Dias; Figura, de Milton da Costa; Paisagem, de Francisco Rebolo; e Série Amazônica, de Ivan Serpa.

Narrativas Poéticas já passou por Porto Alegre, Brasília, Belo Horizonte e São Paulo, com registro de mais de 200 mil visitantes nas quatro capitais. Antes do fim do ano, a exposição ainda seguirá para Fortaleza.

Curiosidades

O primeiro ciclo do movimento Modernista foi marcado pela busca de uma linguagem genuinamente brasileira, capaz de revelar nossa identidade, nosso verdadeiro caráter nacional. Este instante fundacional do movimento assinala o surgimento de uma arte que se quer brasileira, modernamente brasileira.

Expoentes do Modernismo, como Mário e Oswald de Andrade que lutaram contra a concepção de nação atrelada a relações de poder oligárquicas, acreditavam que só sairíamos da pré-modernidade se assumíssemos nosso verdadeiro caráter nacional. Partiram em busca de nossas raízes forjando, em suas obras, uma estética de caráter nativista e regionalista.

É o momento de afirmação de nossa produção artística. Do nacionalismo exacerbado, da busca pela construção de uma arte capaz de se impor no cenário internacional por sua dimensão de brasilidade, o projeto modernista caminhou para um patamar mais universal chegando ao século XXI aberto à diversidade e ao multiculturalismo.

O purismo inicial deu lugar ao entendimento de que a cultura é resultado de uma construção histórica que se faz na dinâmica dos contatos entre povos e visões de mundo diferenciadas. Ninguém possui uma só identidade e a pujança de uma cultura reside, sobretudo, na diversidade buscada e assumida.

Mostra Narrativas Poéticas – Coleção Santander Brasil
27 de agosto até 12 de outubro de 2014 (26 de agosto abertura para convidados)
Museu do Estado de Pernambuco – MEPE
Avenida Rui Barbosa, 960, Graças, Recife-PE | (81) 3184-3174

Horário de Funcionamento
Terça a sexta-feira, das 9h às 17h;
Sábados e domingos, das 14h às 17h

Ingressos
R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia-entrada para estudantes, professores e idosos acima de 60 anos)

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