O Hospital Ermírio Coutinho, em Nazaré da Mata, que costuma receber pacientes de 30 municípios vizinhos e realiza 10 mil atendimentos por mês na emergência, está de portas fechadas desde a última quinta-feira (7). Apenas casos de extrema urgência estão sendo recebidos. Funcionários denunciam atraso nos salários e falta de materiais de trabalho e medicamentos.
Nesta manhã de terça- feira (12), a produção da TV Globo entrou na unidade de saúde. Logo na entrada, um cartaz avisa: “devido à dificuldade de recursos financeiros, só serão atendidos pacientes classificados como urgência e emergência (amarelo e vermelho) até segunda ordem”.
A recepção está vazia. Os corredores, também. O único movimento é dos servidores e dos acompanhantes dos poucos pacientes que o hospital está atendendo. Na enfermaria feminina, apenas uma idosa internada. Na masculina, nem isso. São vários leitos ociosos. O mesmo cenário foi encontrado na ala da pediatria, com macas e camas desocupadas. A maternidade, com capacidade para 12 pacientes e que realiza normalmente 200 partos por mês, tinha apenas três mulheres.
A dona de casa Ladjane Maria da Silva saiu do distrito de Aliança, pegou meia hora de condução e chegou por lá esperando que o filho pequeno fosse atendido. Deu de cara com a grade fechada e teve que voltar para casa. “Meu menino está intoxicado, vomitando. Vim trazer ele aqui, mas está fechado. Disseram que não tinha remédio e que não podiam atender. O jeito é voltar para casa. Está precário aqui”, lamenta.
A denúncia é que o atraso de salários é constante há um ano e meio. A falta de materiais e remédios também é frequente. Nos últimos dias, o Hospital Ermírio Coutinho chegou a ficar sem soro. A direção informou que, na semana passada, os funcionários receberam a segunda parte do salário de fevereiro, mas os servidores reclamam que o mês de março está atrasado e sem previsão.
O maqueiro Valdir Delmiro se diz “triste” com a situação. “Como filho de Nazaré da Mata, fico triste. As condições dos funcionários são essas aí. É muito ruim ver o hospital nessa situação, um hospital que abria todo dia e hoje está assim”, afirma o servidor.
G1 PE
