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Neste mês de conscientização da amputação, conheça a história do professor de teatro Luiz Rosa

A campanha Abril Laranja, em prol da conscientização das causas e prevenção da amputação vem sendo realizada durante todo o mês pela Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC). Entre as causas mais comuns da amputação estão o diabetes, liderando o ranking, acidentes domésticos e de trânsito. 

De acordo com a Sociedade Brasileira de Medicina Física e Reabilitação (ABMFR), no Brasil há cerca de 500 mil pessoas com amputação. São histórias como a do professor de Artes Cênicas Luiz Henrique Rosa, 34 anos, morador da cidade de Nova Alvorada (MS). 

Em 2018, Luiz sofreu fratura exposta em um acidente de trânsito e teve que passar por cirurgia, levando-o a amputação transtibial (até a altura do joelho). Ele compartilha que no dia da cirurgia, foi o 16º paciente a passar pela amputação e ressalta que a experiência foi como se a vida estivesse imitando a arte.

“Foi igual cena de filme, toda aquela aparelhagem de hospital, lençol cobrindo a perna. Meu pé esquerdo mexia, mas o direito não. Pedi para levantar o lençol, os enfermeiros olharam um para o outro, relutaram e pediram para eu esperar o médico, mas por fim, vi aquele coto inchado com dreno. No momento só agradeci a Deus por estar vivo”, compartilha Luiz.

Ele relata que mesmo ainda no hospital recebeu muito apoio dos amigos e familiares e com fé e esperança tentava compreender o que estava se passando.

“Minha mãe sempre foi muito religiosa e desde o primeiro momento me transmitia amor e dizia que eu ia sair daquela situação”, relembra. 

Luiz Henrique Rosa ministrava aulas de teatro e também coordenava peças teatrais antes de sofrer o acidente. Após 16 dias de internação recebeu alta e deu início ao processo desafiador de readaptação, já que no dia do acidente também fraturou o lado direito do pulso, rompendo o ligamento, onde perdeu 80% dos movimentos.

“Meu quarto fica na parte de cima da casa e fiz da sala o meu dormitório por sete meses. Tive que aprender a comer e a escrever com a mão esquerda, mas com o tratamento o movimento da mão direita foi se restabelecendo”, pontua. 

Em uma rotina de trabalho corrida, entre peças de teatro e participação de festivais, o professor de forma surpreendente voltou a trabalhar um mês após a amputação, depois de passar por um processo seletivo em sua cidade. 

“O coto ainda estava aberto, eu usava tala e pino na mão, mas falei ao médico que precisava trabalhar e seguir meu propósito, pois já havia me aceitado e estava me readaptando”, diz.

No dia 6 de fevereiro de 2018, um mês e cinco dias após sua vida mudar repentinamente, Luiz Henrique tomou posse de sua vaga, dando aulas de teatro e fez de seu antigo quarto uma sala, um lugar de ensaio para as peças que coordena. Além disso, foi o primeiro professor PCD (Portador de Necessidades Especiais) na escola em que trabalhava.

Cerca de quatro meses após a cirurgia Luiz realizou a inscrição de seus alunos para o Festival Estudantil em Curitiba (PR), ensaiando na escola e em sua sala improvisada, resultando na aprovação em segundo lugar. 

Hoje, já com a prótese, acredita que por meio do teatro e principalmente da dança, redescobriu uma nova maneira de enxergar o seu corpo.

“Nunca deixei de fazer o que gosto. Quando ia ensaiar com a turma, no início da minha recuperação, eu pegava um cabo de vassoura e colocava do lado do pé que perdi para sinalizar e fazia o movimento com a mão. Não é uma perna que define quem eu sou, mas aquilo que está na minha cabeça e no meu coração”, conta.

Hoje Luiz Henrique considera que aprendeu a cuidar mais da saúde e emagreceu 30 quilos ao longo do tempo com reeducação alimentar e exercícios, além de compartilhar sua história de vida nas redes sociais e auxiliar outras pessoas a superarem a condição.

Histórias como a de Luiz Henrique podem ser conferidas durante todo o mês de abril, na campanha realizada pela ABOTEC, que tem realizado lives a respeito do assunto e também diversas ações nas redes sociais. Além disso, serão feitas doações de próteses pelas empresas e clínicas participantes da campanha. 

Sobre a ABOTEC

A Associação Brasileira de Ortopedia Técnica (ABOTEC) é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como principal objetivo o desenvolvimento técnico – científico da ortopedia técnica do Brasil.

Fundada desde 1988, vem consolidando ao longo de sua trajetória  sua posição de entidade representativa, fiscalizadora e regulamentadora da área de ortopedia técnica. 

Através do aprimoramento profissional, técnico e humanístico e da disseminação do conhecimento de novas técnicas, materiais e dos últimos avanços tecnológicos, a ABOTEC busca a cada dia uma maior representatividade junto ao governo e a sociedade, sempre sob a visão de uma atitude ética e engajada em prol do melhor atendimento das pessoas portadoras de deficiência.

Sua estrutura, baseada nos moldes das demais entidades internacionais (Ispo, Interbor, etc), compõe-se de empresas e de profissionais da área que, juntos, buscam a excelência na integração de uma equipe multidisciplinar na reabilitação física. A ABOTEC acredita que o segredo desse sucesso está na seriedade daqueles que se dedicam à sua causa e também a participação

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