Saúde

Novos serviços para tratar pessoas com aids

Veronica Almeida– JC Online 

Ativistas da luta contra a aids no Nordeste vão avaliar a condição de postos de saúde do SUS para saber se há capacidade instalada para que futuramente esses serviços passem a oferecer tratamento contra o HIV. A assistência às pessoas soropositivas na rede básica é uma intenção do Ministério da Saúde, vista com reserva e apreensão por pacientes e movimentos sociais, que questionam a condição das equipes do Saúde da Família para dar conta das complexidades da síndrome. Na região, apenas Fortaleza iniciou experiência nesse campo. Pernambuco, por enquanto, incentiva a abertura de serviços municipais especializados.

“Até março de 2015 esperamos ter uma análise dos postos nos nove Estados do Nordeste. Formamos um grupo para definir os instrumentos a serem utilizados na avaliação”, explica Paulo Giacomini, da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids, que participou terça e quarta-feiras passadas, no Recife, de oficina regional do Projeto Advocacy em Saúde (PAS), iniciativa nacional do Fórum das ONGs/AIDS de São Paulo para qualificar o ativismo em conselhos de saúde e estimular formação de frentes parlamentares que abracem a causa. O encontro foi sediado na Gestos, Soropositividade, Comunicação e Gênero, ONG recifense.

O coordenador nacional do Advocacy, José Roberto Pereira (Betinho), lembra que o movimento estava um pouco apático, daí a necessidade de reacender a luta num momento crítico. Estatísticas apontam para um crescimento da epidemia entre jovens e em alguns lugares do Brasil. Mudanças também estão sendo processadas na política nacional de assistência, sinalizando ameaças ao sucesso do programa que oferece tratamento gratuito. 

Desde o início do ano, Estados e prefeituras deixaram de receber do Ministério da Saúde recursos exclusivos para a assistência e prevenção da doença. Os repasses agora estão embutidos na verba destinada a todas as enfermidades transmissíveis, como tuberculose, dengue entre outras. Existe uma frente parlamentar federal e estão se formando bancadas nas Assembleias Legislativas e Câmaras de Vereadores sintonizadas com as demandas dos HIV positivos.

Integrante da Gestos e coordenador do PAS no Nordeste, Jair Brandão enfatiza a importância do monitoramento das ações de saúde e dos direitos humanos das pessoas vivendo com HIV. Em cada região, ativistas focam atenção em um ponto específico.

O coordenador de DST e Aids da Secretaria de Saúde de Pernambuco, François Figueiroa, afirma que o Estado considera importante expandir o atendimento especializado. Um pacto com gestores municipais ampliou de 18 para 32 o número de municípios com incentivo para ativar serviços de assistência especializada (SAE) e centros de testagem (CTA). Desde janeiro, foram abertos três CTAs e sete SAEs (Gravatá, Vitória de Santo Antão, Ouricuri, Igarassu, Carpina, São Lourenço da Mata e Abreu e Lima).

“Consideramos que, assim como outras doenças, a aids requer cuidado em todos os níveis do SUS, do básico ao mais complexo. A atenção básica deve funcionar como um reforço, atuando na prevenção, incentivando a adesão à terapia antirretroviral e no tratamento de comorbidade, como tuberculose, pressão alta e diabete”, afirma. E lembra: “Ao mesmo tempo, não podemos esquecer a dificuldade do paciente em expor sua condição de soropositivo perto de casa, na sua comunidade. O preconceito na sociedade atrapalha o avanço das ações”.

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