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Parque Estadual de Dois Irmãos devolve preguiça recuperada à natureza

A preguiça Nathan, um macho adulto da espécie Bradypus variegatus, vai voltar para a natureza, nesta sexta-feira (23/10). A soltura será realizada por biólogos e técnicos do Parque Estadual de Dois Irmão, que integram o projeto Preguiça de Garganta Marrom. O animal foi monitorado por quatro meses na mata por meio de um colar especial, e resgatado em julho para retirada do equipamento e tratamento de saúde. Agora o bichinho vai viver livremente na área de 1.158 hectares de mata atlântica preservada do próprio parque.  

Nathan chegou ao parque ainda filhote, estima-se que tinha apenas três meses de vida. Ele foi acolhido e acompanhado de perto pela bióloga Fernanda Justino, coordenadora do Projeto Preguiça de Garganta Marrom. “Essa preguiça tem uma história curiosa. Foi entregue em 2015 por brigadistas de Camaragibe. Os técnicos envolvidos no resgate pediram para batizá-la de Nathalia e prontamente acatamos a solicitação. No entanto, à medida que foi crescendo, descobrimos que se tratava de um macho da espécie. Então, Nathalia acabou virando Nathan”, conta.

Ainda há poucos estudos envolvendo a criação e o manejo dessa espécie no Brasil, sendo difícil que um filhote resgatado sem mãe sobreviva sob cuidados humanos. Fernanda comemora não só a vitória da vida desse indivíduo, como também a sua plena readaptação à vida livre. “Nathan era muito novinho e chegou tomar leite na mamadeira. Sabemos o quanto é difícil um filhote nessas condições vingar, ainda mais quando se conta com pouquíssima literatura e pesquisa na área. Hoje com o sucesso que temos obtido, somos referência e muitos pesquisadores do país ligam para trocar experiências conosco”, detalha Fernanda.

Entre 2015 e 2019, os biólogos do parque – além de cuidar e acompanhar o desenvolvimento de Nathan – desenvolveram técnicas para ensiná-lo hábitos naturais da espécie em vida livre. Normalmente, o filhote aprende a sobreviver e se defender com a mãe, que serve de exemplo. Longe delas, se torna mais difícil e demorado esse processo.  Muitas vezes, os bichos resgatados não conseguem voltar à natureza, por não desenvolverem tais habilidades.

Em março deste ano, Nathan, pela primeira vez, sentiu o gostinho da vida livre na área de mata atlântica do parque. Ele foi solto, mas com um colar especial, que continha um radiotransmissor para os técnicos poderem o monitorar. O colar foi desenvolvido e cedido pelo professor e pesquisador Valdir Luna, doutor em fisiologia pela Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. A ação também contou com o apoio de Maria Adélia Oliveira, professora da UFRPE. Ao fim do período de acompanhamento, a preguiça foi resgatada para retirar o equipamento e tratar a presença de fungos, o que adiou sua volta definitiva.

Durante a sua segunda estadia no parque, o animal também precisou ser tratado de uma infecção respiratória, mas ficou completamente curado. “Por conta da epidemia de Covid-19, adiamos um pouco mais a sua soltura, contudo o animal está muito bem de saúde e se apresenta bastante integrado à natureza. Posso dizer que ele está ansioso para ir para casa, inclusive flagramos ele várias vezes abrindo o portão do recinto. Sem dúvidas, é hora de voltar para natureza e, dessa vez, em definitivo”, assegurou a bióloga

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