O cordelista paraibano José Costa Leite, de 94 anos, morreu em Condado, na Zona da Mata, ontem (24). Patrimônio Vivo de Pernambuco desde 2006, o artista era uma referência brasileira na literatura de cordel e, há mais de 70 anos, desenvolvia a arte talhada na madeira e impressa em folhetos.
De acordo com parentes, o cordelista tinha a doença de Alzheimer e morreu de causas naturais em casa. José Costa deixou esposa, filha e dois netos.
O velório ocorre na tarde desta terça-feira (24), na casa da família, em Condado. O enterro está previsto para hoje, no cemitério municipal.
Vida e obra
José Costa Leite nasceu em Sapé, na Paraíba, mas morava em Condado desde os 11 anos. Quando era criança, trabalhou no corte de cana-de-açúcar, plantou inhame, foi cambista, mascate e camelô de feira. Não teve acesso à educação formal e se alfabetizou imitando outros cordelistas.
Ele começou a produzir cordéis em 1947, vendendo, declamando e escrevendo folhetos de feira. Aos 20 anos, produziu e comercializou os primeiros folhetos nas feiras: “Eduardo e Alzira” e “Discussão de José Costa com Manuel Vicente”, ambos de sua autoria.
Chamado de “Calendário Brasileiro”, o primeiro almanaque dele foi feito entre os anos de 1959 e 1960. As primeiras xilogravuras feitas pelo cordelista são de 1949, para os folhetos autorais “O rapaz que virou bode” e “A peleja de Costa Leite e a poetisa baiana”.
Pesar
O secretário de Cultura de Pernambuco, Gilberto Freyre Neto, lamentou a morte do cordelista. “Ficamos tristes com a notícia da passagem do poeta José Costa Leite, uma referência nacional do cordel. Ele deixou uma obra importante para o Brasil. Foi um cronista do seu tempo”, disse, por meio de nota.
Também em nota, o presidente da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), Marcelo Canuto, lamentou o falecimento do artista.
“A cultura popular perde muito com a morte de José Costa Leite. Foi um dos primeiros mestres a receber o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco, em 2006, e permaneceu atuante no seu ofício de contar histórias. Mostrou, com a simplicidade e delicadeza da literatura de cordel, a sua forma de ver o mundo”, declarou.
O secretário de Cultura do Recife, Ricardo Melo, disse, por nota, que ” a cultura de Pernambuco perdeu hoje um mestre, uma referência e um de seus Patrimônios Vivos”.
“José Costa Leite segue, para nós, um patrimônio vivo, não só na grande obra que nos ofereceu, também na sua capacidade exemplar de ler o mundo, com bom humor, criticidade e um olhar singular e universal”, afirmou.
*G1PE