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Pernambucano faz campanha para fazer transplante de intestino nos EUA

A luta do auditor júnior David Nilo da Silva, 35 anos, em busca de um transplante de intestino nos Estados Unidos ganhou um novo combatente. A Defensoria Pública de Pernambuco irá prestar apoio judicial e extrajudicial a ele, que precisa juntar R$ 5 milhões para custear o tratamento, em função de um quadro de isquemia intestinal descoberto no mês passado. Ainda nesta semana, o defensor-geral do estado, Manoel Jerônimo, tem reuniões agendadas com o governo e a procuradoria do estado para discutir a temática.

David Nilo tinha uma rotina normal até o dia 21 de junho passado. Casado, com uma filha de três anos e funcionário da Associação Programa 1 Milhão de Cisternas para o Semiárido, ele foi surpreendido com uma aparentemente inofensiva dor na barriga que no dia seguinte descobriu ser uma necrose no intestino. O David daquele dia pode ser qualquer um amanhã. É partindo dessa premissa que a Defensoria se engajou na batalha.

“A União, o Estado e o Município são obrigados a investir na saúde, pois é um direito básico consagrado pela constituição federal. Como ele é contribuinte, tem direito de pelo menos tentar ter a saúde reestabelecida. E nós, como defensoria, agimos em defesa dos vulneráveis socialmente, o caso dele hoje”, afirmou Manoel Jerônimo.

A luta de David é dividida em duas partes. A primeira delas é conseguir o dinheiro para custear o transplante e o tratamento. A outra é conseguir recursos para que a filha, a mulher e a sogra viajem com ele a Miami, onde será realizado o procedimento, para suporte. A família precisará se manter por lá por até dois anos. Amanhã, amparada pela história de outro caso, a família entrará na justiça para que a União pague o tratamento. Uma campanha (@todoscomdavid) foi lançada nas redes sociais para tentar também arrecadar recursos junto à sociedade civil.

A defensoria atuará nessas duas frentes. Buscará apoio do Tribunal de Justiça, da Ordem dos Advogados do Brasil Seccional Pernambuco (OAB-PE) e também do Ministério Público de Pernambuco, além do governo e da procuradoria, para viabilizar a celeridade de uma decisão jurídica favorável ao custeio. Quando sair a decisão, o órgão também pretende articular junto ao Ministério da Saúde o cumprimento da ordem judicial.

Em paralelo, a Defensoria mobilizou os colaboradores internos a ajudar na campanha. Também lançará o incentivo nas próprias redes sociais. “David não é mais uma estatística, é uma pessoa precisando de apoio. Precisamos demonstrar que a união faz a força”, acrescentou o defensor-geral.

David perdeu todo o intestino delgado e metade do grosso. Os médicos supeitam que a necrose tenha sido influenciada por uma cirurgia bariátrica realizada por ele em 2014. “A cirurgia bariátrica é descrita na literatura como um fator de risco para isquemia intestinal. Porém é uma condição raríssima. Corresponde a menos de 9% das causas de todas as isquemias intestinais. Isso pode ocorrer por algumas condições que aumentam a chance, como hérnias dentro do abdome, aderências e trombose de vasos intestinais”, explicou a cirurgiã do aparelho digestivo do Hospital Santa Joana Recife, Clarissa Guedes Noronha.

Tratamento em Miami tem 90% de chance de cura

No Brasil, não há um protocolo do Ministério da Saúde para realização do transplante que David precisa. Até 2015, os seis pacientes que haviam se submetido ao procedimento no país vieram a óbito. Caso consiga viabilizar a viagem, o auditor fará o tratamento no Jackson Memorial Hospital, de Miami. Por lá, a taxa de êxito na cirurgia é de 90%. O transplante é realizado inclusive por um médico brasileiro. Em 2015, o estudante Weverton Fagner de Medeiros Gomes, hoje com 19 anos, conseguiu viabilizar o mesmo tratamento buscado por David.

“Considerando o precedente da Justiça Federal e a gravidade do caso, a expectativa é conseguir. Na época, demos entrada com o pedido em agosto e em meados de novembro Weverton viajou para Miami”, lembra o advogado Felipe Moura, o mesmo que acompanha o caso de David. O estudante, que havia sofrido uma trombose que atingiu 90% do intestino, passou dois anos nos Estados Unidos e retornou para Vitória de Santo Antão, onde mora, neste mês.

Desde que entrou na emergência, David não saiu mais do hospital. David chegou a pesar 140kg. Para o auditor, depois do procedimento bariátrico, os problemas de saúde haviam acabado. Ele entrou na emergência e logo depois foi direto para a sala de cirurgia. Antes não tinha apresentado nenhum sintoma. É algo que pode acontecer com quem faz bariátrica, mas é muito raro”, lembra a mulher dele, a assistente financeira Isabela Nilo, 36.

Sem intestino, David se alimenta pela veia, de água, chá, água de coco e caldo de legumes. É pela filha que nasceu no mesmo ano da bariátrica que ele reúne forças. “Estou abalado, jamais pensei que isso poderia acontecer, mas tenho fé em Deus que vamos conseguir”, conta David. A rotina dele estava em suspensão até esta semana, todos os dias eram de lágrimas e saudade da filha. Nesta semana, entretanto, a angústia deve ser amenizada. Ele deve ser transferido para casa, com serviço de home care, para esperar a decisão judicial sobre o tratamento.

Como ajudar

Banco do Brasil
Ag 0697-1
Poupança 67.615-2
Variação 51

Caixa econômica
Ag 2348
Poupança 2096-6
Operação 013

Bradesco
Ag 6327-4
Poupança  1000636-8

Favorecido David Nilo da Silva
CPF: 038.050.844-39

Entenda o caso

A isquemia intestinal ocorre quando o sangue deixa de chegar ao intestino

Quando esse fluxo é interrompido de forma aguda, o paciente só tem chances de sobreviver com a retirada completa do intestino

A isquemia intestinal pode acontecer por embolias arteriais, tromboses arteriais e venosas

São fatores de risco a idade, arritmias cardíacas, câncer, doenças cardíacas e aterosclerose

David apresentou uma resposta surpreendente diante da retirada do órgão, mas para voltar a se alimentar pela boca precisará do transplante visceral (intestinal) isolado

Se não for desta forma, ficará 24h por dia dependente de nutrição parenteral, sujeito a infecção e perda da função do fígado e de outros órgãos

Fonte: cirurgiã do aparelho digestivo Clarissa Guedes Noronha

*Diario de Pernambuco

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