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Professora tem trabalho selecionado

Pernambuco, Engenho Pirassirica, começo do século passado. Embora a princesa Isabel tivesse assinado a Lei Áurea desde 1888, muitos afrodescendentes ainda eram explorados como força de trabalho escrava em engenhos e comunidades rurais. Um deles foi Luiz Cos­mo Correia de Lima, nascido em 27 de setembro de 1925. Em busca de liberdade, ele fugiu do engenho onde tinha direito apenas à comida que plantava e se estabeleceu em uma área que deu origem à comunidade do Barro Preto, na Zona Rural de Lagoa do Carro, município da Zona da Mata Norte, localizado a 60 quilômetros do Recife.

Em 2012, a professora Joseane do Nascimento Ro­cha foi designada para dar aulas em uma escola nas pro­ximidades des­sa comunidade. Ao chegar lá, ela se deparou com alunos desestimulados e em situação de risco social. Ao se aproximar dos meninos, notou que eles se identificavam com atividades baseadas na capoeira e no Candomblé. A professora conta que, ao fazer rodas de leitura utilizando loas de maracatu, passou a notar nos alunos mais participação nas aulas, e pouco a pouco, viu a sua turma ter um desempenho cada dia melhor. Foi a partir daí que ela iniciou um projeto de pesquisa sobre a tradição negra na Zona da Mata Norte e especificamente na comunidade e descobriu toda a história de seu Luiz Cosmo, a quem chegou a entrevistar. O resultado foi notado no boletim e na melhoria da auto-estima dos estudantes.

Todo o trabalho de pesquisa e de inclusão da professora foram transformados em projetos – o Congresso Negritude e Resistência na Mata Norte e a Pesquisa – Barro Preto: História e Herança – que foram selecionados pelo Funcultura Independente 2011/ 2012, na área de cultura popular e tradicional. O resultado foi divulgado no último dia 19 de outubro. Apesar de já desenvolver alguns trabalhos culturais nas escolas onde trabalha, foi a primeira vez que Joseane Rocha participou da seleção do Funcultura. Atualmente, a professora leciona as disciplinas de língua portuguesa e artes para alunos do 1º e 2º anos na Escola Técnica Estadual Maria Eduarda Ra­mos, em Carpina, Zona da Mata Norte pernambucana, além de ser educadora de apoio da Escola Estadual José de Lima Júnior, no mesmo município.

“É um grande orgulho para mim. Barro Preto é uma comunidade na Zona Rural, sem saneamento, água potável, com casas simples. Ao todo são 19 habitações onde moram 30 famílias, mas com uma história muito rica. Esse trabalho conjunto foi uma vitória, os moradores são pessoas muito reservadas, a confiança deles eu ganhei aos poucos”, conta ela. O congresso que será realizado no ano que vem será uma versão maior e com uma melhor estrutura de um encontro que ela realizou ano passado, que no ano passado a docente organizou na escola técnica, semana da Consciência Negra, data comemorada no dia 20 de novembro. “Ago­ra, vamos envolver várias escolas e ampliar a discussão e valorização da cultura negra nos unidades de ensino do Região”, comemorou. Fonte: Folha de Pernambuco

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