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Projeto Ler para Ser leva ações educativas e culturais para municípios pernambucanos com piores Índice de Desenvolvimento Humano

Um estudo recente constatou que cerca de 41% da população de Pernambuco está incluída na faixa de pobreza. Um problema que escancara a realidade social de locais com baixíssimos índices de crianças na escola, infraestrutura precária, alto índice de analfabetismo, falta de bibliotecas e espaços de leitura. Além disso, boa parte dessa população vive com renda mensal inferior a R$ 145. Frente a essa realidade, o Projeto Ler para Ser, vai percorrer municípios da Zona da Mata, Sertão, Agreste e Região Metropolitana do Recife, com piores Índice de Desenvolvimento Humano – (IDH), para levar várias ações sociais, culturais e educativas para minimizar essa realidade social dessa população.  Todas as atividades serão ofertadas de forma gratuita, incluindo recursos de acessibilidade. O projeto tem o apoio do Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura. 

A programação estreia nesta segunda-feira, dia 20.  A primeira localidade contemplada com o projeto será a comunidade Quilomboloda Sítio Chã dos Negros, localizada na Zona Rural da cidade de Passira, Agreste pernambucano. Pertencente a uma área de Patrimônio Material e Imaterial do país, que tem origem no século XVIII, o local, que abriga mais de 150 famílias de origem dos escravos e índios, será a porta de entrada para as atividades na região. 

Lá, o Projeto Ler para Ser, pretende desenvolver um conjunto de atividades práticas apropriadas às novas formas de aprendizagem, com atividades lúdicas e interativas para a comunidade. Entre elas, a realização de oficinas de contação de histórias para crianças a partir dos seis anos. Cada município vai receber a ‘Caixa de Histórias’, uma espécie de biblioteca itinerante sobre rodas, que será doada pelo projeto para comunidade. Projetada em uma marcenaria, a caixa conta com prateleiras e uma cor especial para chamar atenção de todos. Impossível não se apaixonar. Dentro dela, um vasto acervo de livros, com recursos de acessibilidade em Braille, Libras e audiolivros, voltados para o público infantil, juvenil e adulto, com títulos que abordam questões relacionadas à identidade negra, indígena, direitos das pessoas LGBTQIA +, feminismo, mediação de conflitos, inclusão social, cultura, entre outras abordagens. 

As publicações foram escolhidas a partir de um trabalho minucioso de curadoria que  privilegiam obras escritas por mulheres pernambucanas; uma maneira de valorizar ainda mais as produções literárias do estado. O projeto também vai proporcionar aos participantes apresentação de espetáculo de contação de histórias de tradição oral baseado em contos e causos de Pernambuco. 

Outra novidade é que o Projeto Ler para Ser também contará com atividades voltadas para professores, educadores sociais e agentes culturais. A ideia é apresentar novas metodologias e  práticas destinadas aos docentes comprometidos com uma aprendizagem inclusiva, que estimule o público adulto a utilizar a mediação de leitura como ferramenta de educação e cultura nas cidades, além de orientá-los para estimular o público a fazer bom uso do acervo dos livros doados pelo projeto. 

A equipe do projeto é toda formada por profissionais das quatro macrorregiões, com experiência comprovada nas suas atribuições. A estratégia é valorizar a mão de obra local, estimulando o desenvolvimento da cadeia produtiva de cultura pernambucana e contribuindo para a difusão e manutenção das atividades dos Pontos de Cultura. Neste caso, a oficina de contação de história será ministrada pelo arte-educador Anderson Abreu. Já as atividades de mediação de leitura têm à frente o arte-educador, Guga Bezerra. 

Segundo Eliz Galvão, produtora cultural e idealizadora do projeto,  o intuito do Projeto Ler para Ser é transformar a realidade dessas pessoas, por meio do acesso à leitura. “Fazendo um mapeamento de mestres e mestras de tradição oral, em 2019, em algumas cidades ribeirinhas, quilombolas, urbanas e rurais do nosso estado, percebi muitas dificuldades no acesso ao livro e a leitura. E me chamou atenção o sonho de algumas mulheres do quilombo do Sítio Chã dos Negros. Ouvi delas, depois de uma oficina de contação de histórias, que o maior sonho delas era poder saber ler e escrever, e por isso elas se esforçaram para que os filhos e netos estudassem porque, segundo elas, só assim eles seriam alguém na vida. Muitas delas não tiveram a oportunidade de estudar, e o projeto também vem destacar a importância da oralidade na formação dessas comunidades. ”, ressalta.

Ela acrescenta, ainda, que “ movida a todo esse sentimento, agora estamos voltando para proporcionar a todas essas comunidades, um reencontro com o saber e conhecimento, para que possamos ler e ser o que quisermos. E desta maneira, agregar mais valor à vida, à comunidade, cultural e nossas memórias”, disse, emocionada. 

Além da cidade de Passira (Agreste), o projeto também vai passar, até o fim do primeiro semestre de 2022, pelos municípios de Araçoiaba ( Região Metropolitana), Joaquim Nabuco ( Zona da Mata Sul) e Manari, localizada no Sertão, que tem o pior IDH de PE. Todos eles serão contemplados com as mesmas atividades. A expectativa é que mais de 200 pessoas sejam impactadas pelo projeto. 

Em todos os municípios, as inscrições para oficinas serão realizadas com apoio dos Pontos de Cultura e Grupos Culturais locais. Ao todo, são 25 vagas por oficina. Todos os participantes terão acesso a lanches, fardamento, material didático e certificado.

Fotos divulgação: Jennyfhem Mendonça.

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