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QUEBRANDO TABU: VAMOS FALAR DE CÂNCER BUCAL?

Este mês é dedicado à “Prevenção Câncer de Boca” ou “Julho Verde”. E, pessoalmente, acredito que nada assuste mais alguém que o termo “câncer”, tanto que muitos preferem falar “CA”. Exatamente pelo medo de se tocar no assunto, o câncer bucal tem ganhado mais espaço. Então, deixemos de lado o tabu e nos concentremos nas informações sobre como prevenir e identificar para enfrentá-lo com garra!

Como cirurgiã-dentista, a minha maior responsabilidade é “suspeitar” de alguma “manchinha” ou “feridinha” na região de lábio ou em alguma região da cavidade oral que após ter sido devidamente livre da causa (exemplo, cigarro) e medicada, não melhore com 15 dias e investigá-la mais a fundo. A questão é: E quando o paciente não vai ao dentista? Quando o paciente ignora aquela inocente feridinha? Daí a importância da informação e desta nossa conversa!

Há não muito tempo, o câncer de boca era considerado uma doença de pessoas mais velhas (a partir dos 60 anos), associada ao fumo, etilismo, falta de higiene, dentes fraturados, próteses mal adaptadas, exposição excessiva aos raios solares sem a devida proteção e a agrotóxicos e outros agentes tóxicos ao longo dos anos. Contudo o que se percebe é que nas últimas décadas, houve um aumento de casos de câncer bucal em pacientes jovens (entre 30 e 45 anos de idade) saudáveis que não fumam, não ingerem bebida alcoólica, atléticos mas que praticam sexo oral desprotegido. Muitos estudos ao redor do mundo tem associado este novo aspecto à infecção pelo HPV (subtipo 16, principalmente). Como a iniciação sexual tem ocorrido cada vez mais cedo, mais jovens têm sido expostos precocemente ao vírus.

Contudo, o favorecimento ao câncer de boca decorre ainda de uma predisposição individual que cada pessoa tem de tê-lo em suas células. Por isso muitas pessoas são expostas aos agentes carcinogênicos e não desenvolvem o câncer. É preciso considerar que não se pode prever quem será “contemplado”, por isso todo cuidado é pouco com os agentes iniciadores (que iniciam as alterações no DNA celular) e potenciadores (que aceleram as alterações no DNA celular) do câncer oral/orofaringe, pois o somatório deles é desastroso! Aqui abro uma consideração especial para os AGENTES CLAREADORES DENTAIS, pois sendo o peróxido de hidrogênio um potente agente potencializador, não deve ser banalizado e nem utilizado por pacientes descompromissados nos clareamentos caseiros!

Por fim, o tratamento está condicionado ao local, tipo celular e grau de extensão do tumor. É importante frisar que nós, odontólogos, somos muitas vezes os primeiros a ter acesso à lesão, sobretudo, quando estas estão em locais na cavidade oral menos visíveis ao paciente. Os locais mais comuns de câncer na boca são a língua (26%) e o lábio (23%), principalmente o inferior. Outros 16% são encontrados no soalho da boca e 11% nas glândulas salivares menores. O restante é encontrado nas gengivas e outros locais. O auto – exame é de extrema importância, pois quanto mais cedo for diagnosticado, maiores serão as chances de cura!

Dra Christiana Marcelino, CRO: 8435 – PE, Especialista em Dentística / Estética Dental

 

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