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Romário Dias repercute preocupação mundial com incêndios na Amazônia

O ritmo acelerado de devastação da Amazônia voltou a gerar debate no Plenário da Alepe nesta quinta (22). O tema foi suscitado em pronunciamento feito pelo deputado Romário Dias (PSD), que propôs uma articulação entre as Assembleias Legislativas Estaduais para formular um posicionamento a ser levado ao Congresso Nacional e ao Governo Federal. “Estamos nas páginas de todos jornais do mundo como assassinos da natureza, e isso não pode continuar”, disse.
Dias chamou a atenção para os incêndios na floresta, que provocam ainda a mortandade de animais e a perda da biodiversidade. O deputado citou o episódio em que a cidade de São Paulo ficou às escuras, às 15h da última segunda (19), por conta de uma nuvem resultante da chegada de uma frente fria e da fumaça de queimadas na região amazônica. “O mundo está com os olhos voltados para o Brasil. A imprensa internacional tem tratado dessa matéria diariamente. Os mais jovens estão vendo o País ser destruído”, alertou.
“Não adianta o presidente ir para a TV e jornais e dizer, criando alarde, que aquilo tudo é criminoso. A população brasileira e o mundo precisam saber o que é que está acontecendo”, emendou. Segundo o deputado, a Polícia Federal e as Forças Armadas são instrumentos de que o presidente da República dispõe para conter os incêndios e apurar responsabilidades.
Para formular um posicionamento frente ao tema, Dias sugeriu a discussão de um “pacto” envolvendo todas as 27 casas legislativas estaduais.“Façamos uma reunião com todos os presidentes, comissões de Meio Ambiente e técnicos para elaborar um documento a ser levado ao Congresso Nacional, ao presidente da República e ao ministro do Meio Ambiente. Temos a obrigação de fazer com que as pessoas tomem conhecimento do desastre que está acontecendo no Brasil”, defendeu.
Em aparte, a primeira vice-presidente da Alepe, deputada Simone Santana (PSB), ressaltou que a Amazônia é um patrimônio mundial, e sua degradação impacta todos os brasileiros e, inclusive, populações de outros países. “O que chama muita atenção é a negação pelo governo brasileiro. Não podemos admitir que o presidente minimize e culpe as ONGs”, afirmou.
Pastor Cleiton Collins (PP), por sua vez, lamentou o descaso com a Amazônia, que, segundo ele, “tem uma riqueza natural e sobrenatural”. “A Amazônia é um presente de Deus para o mundo. É necessário cobrar responsabilidades, chegar à raiz do problema. O Brasil precisa criar grandes movimentos em torno das políticas em defesa daquela região e dos rios”, sugeriu.
Tony Gel (MDB) citou os números de focos de incêndio registrados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), somente neste ano: Amazônia (38.228), Cerrado (21.942), Mata Atlântica (7.943), Pantanal (2.491), Caatinga (1.507) e Pampas (732). Na avaliação dele, não há “soberania plena” quando se fala da natureza, porque a destruição prejudica o mundo como um todo.
Já Alberto Feitosa (SD) defendeu que o tema seja tratado sem vinculação partidária, evitando a disputa política. O parlamentar afirmou que “a Amazônia é do Brasil” e alertou para a presença de empresas dos Estados Unidos, do Japão e de países europeus que poluem a região, patenteiam produtos extraídos das plantas e limitam a circulação de brasileiros. “Quando a gente começa a fazer um discurso contrário, anuncia que vai mudar o status quo, o que pensam essas empresas?”, questionou.
Presidente da Comissão de Meio Ambiente da Casa, Wanderson Florêncio (PSC) reforçou a preocupação e se colocou à disposição para auxiliar na construção do pacto proposto por Romário Dias. Entretanto, chamou a atenção para problemas locais, como o desmatamento da Caatinga, especialmente na região do Polo Gesseiro do Araripe, onde a retirada de lenha é feita sem controle.
João Paulo (PCdoB) apontou a responsabilidade política do presidente Jair Bolsonaro. “Só entendo a permanência dele no Governo por conta da agenda conservadora neoliberal, tirando todos os direitos dos trabalhadores e fazendo a entrega do nosso território ao capital internacional”, analisou.
Priscila Krause (DEM) destacou o comunicado conjunto feito por ex-ministros do Meio Ambiente – entre eles o pai da deputada, Gustavo Krause – indicando a desconstrução e destruição das políticas ambientais pelo atual Governo. “No que ele puder contribuir para a reflexão sobre o tema, não se furtará ao debate”, assinalou.
Foto: Roberto Soares

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