Educação Últimas Notícias

São Paulo, o santo esquecido pelo povo

Paulo Ferreira

As festas juninas, que antigamente se chamava joaninas, celebram com grande animação a santidade e vida de: Santo Antônio (13/6), São João (25/6) e São Pedro (29/6). No entanto, o povo se esqueceu do também apóstolo e líder da Igreja Cristã Primitiva, São Paulo. No dia 29 de junho, junto com São Pedro, a Igreja Cristã do mundo inteiro celebra São Paulo. Mas por que São Pedro se tornou mais popular quSão Paulo? Creio que talvez seja pelo fato de São Pedro ter sido um homem pobre, analfabeto e pescador, e mesmo assim, foi um dos 12 homens simples escolhidos por Jesus a ser um de seus discípulos.  São Paulo é considerado apóstolo; mas não chegou a conhecer a Jesus pessoalmente, era um cidadão romano de família rica e um intelectual, talvez sejam esses alguns dos motivos do desprezo do povo por sua figura. Há outros fatos que tornaram São Paulo impopular e sem carisma para o povo. Até a própria Igreja não lhe dá a importância devida. Quantas cidades têm São Paulo por padroeiro? Uma exceção é a capital paulista, mas é obra dos intelectuais jesuítas

São Paulo foi um escritor do cristianismo primitivo. Escreveu diversos pequenos livros, chamados de epístolas, das quais apenas treze foram preservadas no Novo Testamento. Grande orador, ele foi o maior propagador do cristianismo depois de Cristo. Antes de se converter ao cristianismo era conhecido como Saulo e perseguia os discípulos de Jesus (nunca matou cristãos, entregava-os à Lei da época) nos arredores de Jerusalém. Este pode ser outro fato que contribui para a sua impopularidade entre os cristãos, principalmente os do campo, criadores dos festivais de inverno, das festas das colheitas da agricultura.

São Paulo nasceu em Tarso, na Sicília, Itália, no ano cinco com o nome de Saulo e foi degolado (assim como São João Batista, primeiro mártir da Igreja) no ano 67.  Tarso era um próspero centro mercantil e intelectual do mundo romano. Seus pais eram judeus, mas gozavam dos privilégios da cidadania romana. Passou os primeiros anos de vida em meio da comunidade judaica e frequentou a escola da sinagoga. Tornou-se perseguidor das primeiras comunidades cristãs e participou do apedrejamento do apóstolo Estevão (apenas viu). Outro motivo? A caminho de Damasco, Saulo teve a visão de uma luz incandescente e Jesus lhe indaga sobre as perseguições (Quo vades? Aonde vais?). No mesmo instante ficou cego e durante três dias entregou-se às orações. A mando de Jesus, o discípulo Ananias vai a seu encontro e põe a mão em sua cabeça e no mesmo instante Saulo (Paulo, a partir daí) recobra a visão e impressionado converte-se ao cristianismo (este fato, ele conta no Evangelho três vezes do mesmo jeito).

Procura, então, fazer meditação, se arrepender dos pecados e retira-se para o deserto da Arábia. Realiza diversas expedições missionárias pregando o evangelho de Jesus Cristo. A partir do ano 44 começa a fazer suas pregações em várias cidades: Tarso, Antioquia, capital da província da Síria, então a terceira cidade do império romano, Roma e Alexandria, onde os discípulos, pela primeira vez, foram chamados cristãos. Depois São Paulo realiza sua segunda viagem missionária: entre outras cidades, vai a Macedônia, Acaia, Filipe, Atenas, Corinto e Efeso.

Em 58, vai a Jerusalém, onde foi acusado de haver pregado contra a Lei, além de ter introduzido um gentio (estrangeiro), no templo. Preso, é enviado para Roma. Lá, é julgado por um tribunal de César, mas um naufrágio interrompe a viagem. Paulo consegue permissão para ficar em prisão domiciliar. Assim (ano de 62), ele escreveu as epístolas. Em 64, após o incêndio em Roma, provocado pelo imperador Nero; mas que recaiu sobre os cristãos, São Paulo é novamente preso e levado para os arredores de Roma, quando foi decapitado (por ser um cidadão romano foi degolado fora dos muros da cidade).

Estudiosos do evangelho dizem que havia uma espécie de ciúme mútuo entre Pedro e Paulo, pois o pescador analfabeto é que foi o escolhido para líder da Igreja, sua pedra fundamental. O intelectual foi deixado de lado. Há, ainda, a Igreja esotérica, a que une o homem a Deus, sem intermediário. A Igreja do outro João, o apóstolo, também criada por Jesus.  A “Igreja do Silêncio”, ligada à Ordem de Melquisedech, “sacerdote do Deus altíssimo”, que ofereceu pão e vinho a Abraão. E dizem que Jesus era sacerdote dessa Ordem.  João, “o discípulo mais amado” de Jesus, a quem o Mestre entregou a sua mãe, Maria, para que cuidasse depois de sua morte, foi o único dos apóstolos que realmente compreendeu a doutrina especial e a missão de Jesus na Terra.

Pois bem, São Paulo procurou unir essas duas Igrejas, e entre Pedro (que negou a Jesus três vezes e não estava presente na sua crucificação), João, o místico, e Paulo; este é o que mais amou a Jesus, a ponto de doar seu corpo para que Jesus vivesse nele (“já não sou eu que vivo; mas o Cristo é que vive em mim”. Gálatas 2.20). No entanto, reconheço: o povo é soberano!

 

Deixe um comentário