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SAUDADES SEM TAMANHO – “NOSSA FESTA DOS SANTOS REIS”

Foi publicado em nosso fórum um artigo de um de nossos membros, o qual chamou-me a atenção pelos ricos detalhes e pelos quais vivenciamos outrora no encantamento da festa dos Santos Reis em Carpina. E com carinho copiamos em nossa Coluna da Embaixada Carpinense esse artigo que nos traz lembranças maravilhosas de nossa juventude, de quando a referida festa era sem dúvida a maior do interior pernambucano. Sorte são daqueles que viveram aqueles tempos áureos. Claro irão concordar com todo esse lirismo escrito e fascinante. Eu vivi!   

Festa de Reis de Carpina (Edison Marinho)

A nossa cidade tradicionalmente propensa a vivenciar os festejos de nosso calendário, mas de uns tempos pra cá quando o poder público resolve não o fazer, a exemplo do Carnaval 2020 e a pandemia, como fiel aliada, se encarregaram de tal. Mas deixemos o óbvio. O que quero é externar são minhas lembranças da era de ouro da nossa festa. Caia a tarde do dia 5 de janeiro e a movimentação na Rua dos Tamarindos se intensificava, carros e mais carros desembarcavam o pessoal vindo da Zona Rural do município e cidades vizinhas, eram os matutos, como se chamavam a época, mais tarde chegava o trem e a empresa 1002 disponibilizava ônibus a noite toda para Recife, como era grandiosa nossa festa tida como a maior do interior. Os bares, na sua maioria de Recife, com famílias que em até 3 gerações vinham participando. Ostentação era colocar a maior quantidade possível de espetinhos (churrasco) no gargalo das cervejas. Ah, e tomar Uísque no Bar do Mate Gelado, ainda tinha os botequins, também conhecidos como veleiros onde eram oferecidos, cachaça, misturadas, sarapatel, siris, caranguejos e avos cozidos vermelho (cozidos na água com colorau), sem contar com os bancos de bolos, frutas e cachorro quente. E as bolas de festa, vendidas por SEU NECO DA PAIXÃO e seus familiares, amarradas no cordão, era um varal multicor. Os bailes no Lenhadores, traje a rigor, Espanadores do Carpina, Colonial, na Sede do Santa Cruz que ficava ao lado da Foneccel, no Mercado Público e de quebra nos cabarés da Rua do Inferno, Rua Tiradentes ou Rua da Cadeia, era uma festa á parte. As barracas de prenda de ZUZA, de BIU DA LOUÇA, CEDI, entre outros. As barracas de BS, roletas e jaburu, bozós, pescarias, argolinhas e tiro ao alvo. Os parques de diversão 2000 e de SINHOR, que vem fazendo a festa atualmente, de ZÉ DA PIPOCA, ZÉ FOGUETEIRO entre outros. As rodas gigantes eram cúmplices das paqueras, quando a cadeira ficava no topo os beijos rolavam, além daquele serviço de utilidade pública e correio sentimental. Alô você menina de blusa estampada e saia de cor … escute essa linda canção que alguém te oferece como prova de amor, carinho e consideração. As barracas de curiosidades, a mulher que vira macaco. ZUZA pai do RONALDO do Presentão em duas ocasiões apresentou a cabeça sem o corpo que falava e a mulher elétrica, assisti as duas. Tinha uma muito interessante que vinha da Bahia, era o Xangô ou Candomblé composto de bonecos que se movimentavam, dançando e trocando instrumento, o ponto alto era quando entravam em transe (se manifestavam), sua fachada era bem sugestiva com bonecos se movimentando, um terreiro autentico, despertavam medo em algumas pessoas. Os folguedos populares, o Cavalo Marinho de SEU BIU DA BÓIA com o fantástico CAROCA dançando, ele trabalhava na prefeitura, o Fandango de SEU MARCOLINO, os Mamulengos de SÓLON e SEU GAELGO, a barraca de SAÚBA com os seus bonecos representando a Casa de Farinha, os Cangaceiros, Engenho de açúcar. Os pastoris, inclusive o profano com a sagração da pastora pelo velho, levava o público ao delírio, entre outros. Mas terminando a festa, voltávamos pra casa com o confeito na mão, aquele cônico enfeitado e alguns na outra com o par de sapatos. Eiiita que saudade!”       

– O conteúdo dessa matéria, foi transcrito de seu original. Autor: Edison Marinho – 

Comentário do colunista:

Sem dúvida saiu da alma de um carpinense da gema e que viveu esplendorosamente esses momentos. Sua riqueza de detalhe não deixa dúvida de como era o fascínio de nossa querida festa.  O Dia de Santos Reis para nós carpinense, eram motivo de jubilo, pois nesse dia era grande a confraternizações entre amigos e entes queridos com almoços e encontro de parentes que viam de lugares distantes, filhos que vinham rever a família (pais, avós, irmãos, primos, tios). Na realidade era o DIA DA CONFRATERNIZAÇÃO DOS CARPINENSE. Enfim aqueles momentos eram sublimes e regalos e comilanças não faltavam, a culinárias típicas da região era a pedida: Entre os quais Buchadas, Sarapatéis, Churrascos de Bode e Porco e a maior delas era o Cozido Pernambucano – feito com pirão de carne bovina e acompanhado de verduras, legumes – Comida de “sustança”. Era um tempo bom de fartura e alegria em nossas casas. Nesse justo dia santificado, sem dúvida o clímax do glamour era a noite com o tradicional “Baile de Reis” no Clube Lenhadores, só para a sociedade carpinense. Nessa ocasião sempre se apresentavam orquestras de renome nacional. Daí, caberia uma frase que nosso poeta-mor Luiz de França Nascimento sempre diz: Velhos tempos… Belos dias!   

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