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Sentimento excessivo de torcedor é “busca pela felicidade”

O futebol conquistou a alma popular do brasileiro e se tornou sua maior paixão. Nenhum outro esporte desperta tanta amor

Por Paulo Ferreira/VP

carpinaUniformizar-se com a camisa do time do coração, colocar nome de atleta no filho, usar objetos com motivos do clube, vibrar, levantar a bandeira, chorar, cantar o hino são algumas formas de demonstrar seu amor pelo clube de futebol favorito. Mas há torcedores que fazem verdadeiras  loucuras para declarar essa paixão. Vejam algumas: decorar a casa toda com as cores de seu time, fazer sua casa em forma do escudo do time, perder o emprego para assistir jogos, assistir ao jogo doente, deixar de ver o filho nascer para assistir a jogo, gastar fortuna para comemorar título, tatuar a camisa do clube no corpo. Conversamos com torcedores de clubes, em Carpina, que tentaram explicar seu sentimento pelo time do coração.

O empresário Jessé Ribeiro de Lemos (FOTO), 69 anos, é considerado um dos torcedores apaixonados de Pernambuco. Ele disse que “é Sport, rubro-negros são os que torcem pelo flamengo, Vitória e outros”. Jessé contou que sua paixão começou porque o Sport sempre foi o maior do Estado, e hoje é também do Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Só perdemos para o Sul e Sudeste. Nosso Leão é o rei de todos.  Essa paixão é uma das razões de minha vida”, contou. Sua casa é toda decorada de vermelho e preto, tem coleções de leões e compra todo tipo de artesanato com o animal. Ele só usa camisa do Sport. Tem trinta delas. O seu carro é pintado nas cores do time.

“O meu Sport deu um grande exemplo para o mundo, quando expulsou a sua torcida ferrenha”, conclui. Nenhum outro esporte desperta tanta paixão como o futebol, o que se verifica com o comportamento dos torcedores. Muitos desses super apaixonados dizem que o uniforme de seu time é sua segunda pele. Há torcedores que usam tudo da cor e motivo de seu clube: escova de dente, quadros, paredes, teto da casa, relógios, copos, roupas íntimas, almofadas, entre outros objetos.

José Inácio Pereira da Silva, 68 anos, “adotou a paixão de seu pai pelo Santa Cruz”. “Meu irmão mais velho, que é rubro negro, fez de tudo para eu torcer pelo seu time, nunca aceitei. Na juventude, eu fazia algumas loucuras, como vir festejando quando o Santa ganhava, em bares e restaurantes no trajeto que fazia do Recife para a Usina Petribú, onde morava”. Por conta da violência, hoje deixou de ir aos estádios e prefere acompanhar o “Santinha” pela TV e rádio. Disse que o “Santa Cruz é o maior amor da sua vida, depois de Deus e a família”. Especialistas em sociologia do esporte afirmam que o futebol é a maior paixão brasileira porque  a sua história está ligada às lutas de classes sociais, conquistou a alma popular e tornou-se um instrumento de afirmação histórica e cultural. Entende-se que o maior problema desse esporte é sua manipulação política ou econômica.

O jornalista Ramos Silva, torcedor do Náutico, comentou que “vê no futebol uma verdadeira confraternização popular,  uma paixão que se espera pouco em troca, um sentimento sincero. Ramos colocou as cores alvirrubras na marca do seu jornal, o Voz do Planalto. “Nunca mais fui aos estádios por causa da violência, da falta de transporte coletivo de qualidade e de uma política de educação esportiva no País”, lamentou.

José Luiz Moraes, 71  anos,  falou que recebeu a paixão pelo Sport como herança de seu pai. “Quando criança, ele me levava para os campos, mas eu só gostava da hora do intervalo. Lanchava cachorro quente, bolo, pipocas, sanduíche e bebia refrigerante. Hoje, faço o mesmo com meus filhos. A psicologia esportiva diz que o futebol é uma grande metáfora da vida, uma busca pela felicidade. É pena que a violência e a intolerância estejam prejudicando.

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