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Site reúne acervo audiovisual de comunidades quilombolas pernambucanas

O site Tankalé – Acervo Audiovisual Quilombola de Pernambuco em celebração ao mês da Consciência Negra. O novo endereço (www.tankale.com.br) foi desenvolvido com o incentivo do Governo do Estado, por meio dos recursos do Funcultura, e disponibilizará vídeos produzidos ao longo dos últimos 15 anos pelas comunidades quilombolas pernambucanas. Para estreia do projeto, está programada uma com uma roda de conversa virtual que juntará quilombolas e parceiros, e será transmitida na página do Tankalé no Facebook (facebook.com/paginatankale).

A maior parte desse conteúdo histórico estava guardado em cerca de 200 fitas de filmadoras Mini-DV, com diversos registros e entrevistas da equipe do Crioulas Vídeo, de Conceição das Crioulas (Salgueiro-PE). Também integram o acervo gravações realizadas em oficinas de vídeo do projeto Tankalé, no percurso por algumas comunidades do estado de Pernambuco.

Tankalé, em iorubá nagô, significa “contar pra todo mundo”. Esse foi o nome dado ao projeto de formação para o autorregistro audiovisual quilombola, que desde 2006 promoveu oficinas para jovens de quilombos pernambucanos. Articulando debates sobre história oral, memória coletiva, patrimônio cultural e direitos, em oficinas de produção audiovisual, o Tankalé buscou aprimorar as possibilidades de construção autônoma dos discursos quilombolas em vídeo.

Para Felipe Peres Calheiros, coordenador do projeto, “a oportunidade de se comunicar também com o vídeo e de preservar suas memórias audiovisuais é estratégica para o povo quilombola, pois o acesso a esses conteúdos pelas atuais e futuras gerações pode colaborar com a continuidade de lutas ancestrais pelos direitos à terra, à vida, à saúde, à educação e à liberdade, entre tantos outros negados ainda hoje aos quilombos brasileiros”.

De forma coerente com os princípios do Tankalé, de busca pela autonomia e de valorização da perspectiva quilombola, a digitalização das fitas com o material audiovisual, que agora estará disponível no site, foi realizada no próprio quilombo de Conceição das Crioulas, pela equipe do Crioulas Vídeo.

Kêka Oliveira, integrante do Crioulas Vídeo, educadora em diversas oficinas de vídeo do Tankalé e pesquisadora na equipe de criação do site, afirma que “com o projeto tivemos a oportunidade de resgatar e não perder as nossas vivências, a memória do nosso povo, e foi um desafio ver pessoas naquelas fitas que estiveram na luta conosco por direitos e que agora não estão mais entre nós”.

Mas, fora o desafio emocional, o projeto, iniciado em 2017, também enfrentou dificuldades em relação ao acesso aos equipamentos de digitalização, cada vez mais raros no mercado, ao estado de conservação de fitas e à própria situação da pandemia e de isolamento pelo qual passaram as comunidades quilombolas em defesa da saúde de seus integrantes.

Além do Facebook, o site conta com um perfil no Instagram (projetotankale) e um canal no Youtube (www.youtube.com/channel/UCwt8Ov8aHpkgxbB-40CjCcQ), e oferecerá a possibilidade de envio de novos vídeos a fim de seguir atualizando e ampliando o acervo que fica disponível para acesso irrestrito pela Internet.

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