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Um santuário no cariri paraibano

A 185 km de João Pessoa, na Paraíba, o município de Boqueirão guarda encantos e mistérios do passado. O lajedo do Marinho, nome também do distrito, é um verdadeiro encanto de beleza natural. Com aproximadamente 300 famílias, a comunidade é rica em simpatia e hospitalidade. Ao entardecer, no lajedo, o pôr do sol é único e esbanja o alaranjado em céu aberto, onde em seguida as estrelas realçam seus brilhos. No pé na noite é possível sentar na calçada e prosar ouvindo estórias de caçadores e de encantados. Ao amanhecer, quando o galo canta, a revoada de pássaros como os galos de campina nos faz levantar para um café da manhã tipicamente nordestino, na casa de dona Helena, a matriarca da comunidade.
As crocheteiras com seus artesanatos são a peculiaridade a parte, apresentam suas criatividades em sua arte e logo conquistam a simpatia.
Seguindo a trilha do passado, somos levados por Edriano e Nadilson a conhecer os tempos em que o beato Antônio Conselheiro por lá andou, onde ainda resistem ao tempo, o açude e os alicerces da capela por ele erguidos. Cerca de um século se passou e na memória ainda resiste fatos narrados e que fazem parte da nossa história oral. No caminho, a colheita do umbu refresca o paladar e anima o caminhar na subida do serrote da Pedra da Tesoura, onde se guarda vestígios de povos indígenas da pré-história, e que vem sendo revelados pelo arqueólogo Flávio Moraes, que desenvolve pesquisa em antropologia biológica, pela Universidade de Coimbra, estudando os extintos índios Tapuias. Em sua equipe de campo, esse jornalista e dourando em arqueologia, pela mesma Universidade, e os estudantes Raquel Roldan, da Universidade Estadual da Paraíba e Joadson Silva, da Federal de Pernambuco, tendo ainda da comunidade seu Manuel com seu sorriso farto.
Nas escavações arqueológicas uma riqueza cujo valor é apenas cultural, o enterramento de cerca de dez índios, com seus ossos pintados, vestígios de cestarias trançadas e objetos de uso nos auxilia a entender o ritual funerário daquele povo. Várias pinturas rupestres e enterramentos vem sendo encontrado em furnas daquela região, habitadas pelos antigos cariri.
No final de semana o ponto de parada é a pizzaria Pé de Serra, do pizzaiolo Walter, cujo prato principal é uma pizza de carne seca, que poderá ser levada ao lajedo, a pousada a céu aberto onde vários turistas armam suas barracas e se esquentam no fogão a lenha.
Vale a pena conhecer o lajedo do Marinho e em ritual quase litúrgico fazer o encontro entre a natureza e o passado.
Contatos: (83) 99125-9210 / 99388-4902

*Múcio Aguiar/ reportagem especial para o Voz do Planalto

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