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Viveiro solar pode gerar renda e reduzir impacto de enchente no Recife

Prefeitura participa amanhã da campanha global pelo clima com atividade pela cidade. No Jardim Botânico, a Secretaria de Meio Ambiente promove mesa-redonda onde abordará caminhos seguidos pelo município para a redução (mitigação e adaptação) dos impactos das mudanças climáticas   

 Nesta sexta-feira (20), inicia em todo o mundo a semana de mobilizações pelo clima do planeta para exigir o fim da era dos combustíveis fósseis. A Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SMAS) da Prefeitura do Recife também entrou na campanha global. Haverá atividades no Jardim Botânico da cidade, a partir das 10h. Mesa-redonda com especialistas em Mudanças Climáticas e afins abordarão formas de mitigação e adaptação a eventos extremos do clima e a outras consequências deste fenômeno. Uma rede nacional de pesquisadores (Ecolume) que atua nesta questão, financiada pelo CNPq e que já desenvolve ações em Pernambuco, trará inovações a respeito.

Para a meteorologista Francis Lacerda, coordenadora do Laboratório de Mudanças do Clima do Instituto Agronômico de PE (IPA), ações simples, baratas e inovadores podem ser feitas em parceria entre o poder público e o recifense para incentivar o empreendedorismo na área de serviços ambientais onde possa gerar renda para a população e ainda ajudar na redução das enchentes no Recife e dos danos ambientais e sobre a vida humana. Mais de 20 pessoas morreram este ano em função das chuvas intensas. Ela lembra que uma das evidências da mudança do clima já em curso, não no futuro, é justamente o aumento na frequência e na intensidade da seca e chuva por área, chamados de eventos extremos.

“A mudança do clima não tem volta, mesmo que a humanidade deixasse de emitir CO². Mas se continuar como está, a temperatura global aumentará mais com prejuízos maiores sobre as cidades. A população e gestores públicos precisam trabalhar juntos a partir de outra visão sobre a questão para buscarem soluções eficientes para o problema global, agindo localmente”, diz Francis, que é mestra em Climatologia e doutora em Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos. Ela coordena a rede Ecolume, que tem desenvolvido tecnologias sociais inovadoras, como uma onde já estima a plantação de água e irrigação com o sol no sertão.

Para o Recife, a rede propõe a criação de viveiros solares inteligentes a partir do uso da tecnologia e energia solar onde podem gerar renda para a população e ajudar no reflorestamento da Mata Atlântica de modo a absolver CO² da atmosfera e contribuir na mitigação de evento extremo. “Os viveiros, chamados de DataLume, é uma tecnologia que está sendo desenvolvida pelo Ecolume em parceria com o Porto Digital e Cesar School. A tecnologia terá a capacidade de gerenciar de forma autômata a produção de mudas nativas de espécies do respectivo bioma do local, onde sua fonte de energia é proveniente da luz do sol”, explica Francis.

A produção de mudas da mata Atlântica, por sua vez, poderá ajudar no replantio de matas ciliares em margem de rios e outros locais, reduzindo o impacto das enchentes e cheias, ampliadas com a mudança do clima. O tema será abordado por Francis durante a mesa-redonda no Jardim Botânico. “A Semas inclusive tem um projeto de incentivo à produção de mudas. O Jardim Botânico fará até curso como produzi-las. A secretaria pretende no futuro breve comprar mudas feitas pela própria população. Assim, a instalação de experimentos pelo Recife de viveiros Datalume poderá potencializar tais iniciativas em serviços ambientais”, diz Francis.

O Jardim Botânico poderia instalar um protótipo Datalume. O secretário da SMAS, José Neves já despertou o interesse sobre a questão depois que conheceu Francis e tomou conhecimento dessa pesquisa. O público interessado em saber mais informações sobre esses viveiros solares enquanto uma ação de mitigação, estratégia de adaptação e educação ambiental frente ao cenário atual e futuro das mudanças climáticas pode participar da mesa-redonda no Jardim Botânico nesta sexta às 10h. “A participação da Francis em nosso debate, ela que é uma ambientalista que tem participado efetivamente em busca de soluções dos problemas também no Recife, enriquece a nossa programação local integrada com a Mobilização Global pelo Clima, com destaque aos viveiros solares”, diz Neves.

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