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Bióloga que se passou por autista para não usar máscara em shopping responderá por três crimes

A bióloga Nathasha Borges da Silva responderá por três crimes por ter se passado por autista para não usar máscara em um shopping no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife, na última quinta-feira (24). Ela prestou depoimento, nessa segunda-feira (28), na Delegacia de Boa Viagem, também Zona Sul da capital pernambucana.

De acordo com a Polícia Civil de Pernambuco, os crimes aos quais Nathasha irá responder são descumprimento de medida sanitária (artigo 268 do Código Penal Brasileiro), incitação ao crime (artigo 286) e discriminação de pessoa com deficiência (artigo 88, § 2°, da Lei 13.146/2015). 

Caso seja condenada pelos três crimes, a bióloga poderá ter que cumprir pena de reclusão de até quatro anos, além do pagamento de multa.

O inquérito aberto pela polícia para investigar os possíveis crimes cometidos por Nathasha será conduzido pelo delegado Alessandro Orico, da Delegacia de Boa Viagem.

“A Polícia Civil de Pernambuco informa que todas as providências estão sendo tomadas para o esclarecimento do ocorrido”, informou a corporação, por meio de nota.

Pedido de desculpas
Em uma live de pouco mais de 10 minutos feita em uma nova conta no Instagram, no último domingo (27), Nathasha Borges pediu “perdão aos autistas e seus familiares”. Inicialmente, ela mostra um texto escrito e diz que o perfil anterior foi derrubado.

A bióloga classificou o dia do episódio como “fatídico”. “Eu errei miseravelmente […] em falar que era autista sem ser. Não há justificativas para pegar um tema tão delicado e depois fazer uma brincadeira de péssimo gosto. Sim, eu quis me beneficiar de uma lei que não se aplica a mim para não usar a tal máscara”, disse Nathasha.

Na sequência, a mulher alega que estava com rinite alérgica no dia do ocorrido. “Eu sempre tenho rinite alérgica e seria impossível usá-la [a máscara]. Mas, todas as vezes e em todos os lugares que fui e estava com rinite alérgica e o nariz para fora [da máscara], eu fui obrigada a colocar o nariz para dentro porque ninguém queria saber da minha rinite alérgica”, completou a bióloga.

“Não há nenhuma lei que me dê essa condição de estar com rinite alérgica, ser asmática e não usar máscara”, acrescentou Nathasha. “Não sou preconceituosa, não tenho por que ser, pois tenho deficientes em diversos graus convivendo direto comigo, com limitações visíveis e gigantes e com diversos laudos”, completou a bióloga.

Nathasha continua a live dizendo que conversou com pessoas autistas e familiares antes do pedido de desculpas. “Se eu não me compadecesse e recuasse diante desses testemunhos, não seria eu. Não tenho problemas em pedir desculpas, nunca tive. Enfim, a todos os autistas, pais e familiares que se sentiram magoados, agredidos, denegridos, vai o meu sincero pedido de perdão e desculpa e tenho certeza que eu não me orgulho do ocorrido porque magoei as pessoas mais especiais que tive a oportunidade de conversar no Instagram”, lamentou a bióloga.

Ela segue afirmando que se “soubesse que aquele vídeo, aquele story, ia magoar uma única pessoa” não o faria. Por fim, Nathasha usa a citação bíblica “Senhor, perdoai-lhes; eles não sabem o que fazem” para criticar quem falou mal e a atacou após o episódio. “Aquele tipo de comportamento é de quem não sabe o que está fazendo. Eu vi que errei e vim aqui pedir perdão”, finalizou a bióloga.

O caso
No dia 24 de março, a bióloga Nathasha Borges da Silva publicou um vídeo em suas redes sociais em que aparece sem máscara de proteção contra a Covid-19 em um shopping center no bairro do Pina, na Zona Sul do Recife.

No vídeo, a mulher diz que foi ao estabelecimento comercial para uma reunião e que alegou ser autista para funcionários ao ser abordada por não usar o equipamento. Apenas nesta terça-feira (29), o uso de máscaras tornou-se não obrigatório em locais abertos em Pernambuco – o que não inclui os shoppings, locais fechados.

De acordo com a Lei Estadual nº 17.141, de janeiro de 2021, pessoas com autismo são isentas do uso de máscara em Pernambuco, por conta de deficiências sensoriais que inviabilizam a utilização do equipamento. 

*FolhaPE

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