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Ceramista Francisco Brennand morre aos 92 anos, no Recife

O artista plástico e ceramista Francisco Brennand morreu, nesta quinta-feira (19), aos 92 anos, no Recife, após complicações de uma infecção respiratória. Ele estava internado há dez dias no Real Hospital Português, na região central da capital pernambucana.

Conhecido por gigantescas esculturas, Brennand foi o responsável pelos monumentos de um dos principais pontos turísticos do Recife: o Parque das Esculturas. A principal obra no complexo é a Torre de Cristal, com 32 metros de altura e confeccionada em argila e bronze. Ela pode ser vista do Marco Zero.

O velório foi marcado para acontecer na Capela Imaculada Conceição, na Oficina Cerâmica Francisco Brennand, no bairro da Várzea, na Zona Oeste da capital. O horário não foi divulgado.

Repercussão

O governador Paulo Câmara (PSB) e o prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB), decretaram luto oficial de três dias pelo falecimento.

Em nota, o governador exaltou o legado do artista. “Francisco Brennand foi um artista notável, um homem à frente do seu tempo, como mostra o reconhecimento que obteve, ao longo da sua trajetória, no Brasil e no exterior. Ele pertence a uma geração de artistas que elevaram Pernambuco ao topo”, disse.

Também em nota, o prefeito lamentou a morte. “O Recife perde um de seus mais talentosos artistas, reconhecido em todo o mundo pela qualidade de seu trabalho. Sua obra, espalhada por toda a cidade em esculturas e painéis, no Parque das Esculturas, no Recife Antigo, e na sua Oficina, no bairro da Várzea, fazem parte do patrimônio cultural e afetivo de toda a cidade. Uma perda irreparável, só reconfortada pela certeza que Brennand permanecerá entre nós nas boas memórias e pela sua obra”, afirmou.

Perfil-  O ceramista, pintor, escultor, ilustrador, gravador e desenhista Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu no Recife em 11 de junho de 1927, filho de Ricardo Monteiro Brennand e Olímpia Padilha Nunes Coimbra.

Depois de seguir para o Rio de Janeiro em 1937, Brennand retornou a capital pernambucana em 1939, concluindo o curso ginasial em 1942. No mesmo ano, começou a trabalhar na Cerâmica São João, como aluno informal do escultor Abelardo da Hora, falecido em 2014.

Em 1943, para concluir o segundo ciclo colegial, foi estudar no Colégio Oswaldo Cruz, onde conheceu Déborah de Moura Vasconcelos, com quem se casaria cinco anos depois.

Com o talento revelado através de caricaturas de professores e colegas, Brennand foi convidado em 1945 pelo seu colega de classe Ariano Suassuna para ilustrar poemas publicados no Jornal Literário do colégio.

Parque das Esculturas, com obras de Francisco Brennand, fica no Bairro do Recife — Foto: Reprodução/TV GloboParque das Esculturas, com obras de Francisco Brennand, fica no Bairro do Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

Parque das Esculturas, com obras de Francisco Brennand, fica no Bairro do Recife — Foto: Reprodução/TV Globo

No fim da década de 1940, o artista ganhou seu primeiro prêmio, de pintura, do Salão de Arte do Museu do Estado de Pernambuco, com o quadro de uma paisagem que teve como inspiração o Engenho São João.

O meio ambiente e o futuro da raça humana no planeta foram algumas das preocupações que marcaram a vida e a arte dele, que sabia como dar formas aos sonhos.

Na pintura, Brennand recebeu as primeiras orientações do pintor e restaurador Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Também estudou pintura com Murilo LaGreca e, para sua primeira escultura, a cabeça da esposa, Deborah, foi a primeira inspiração.

Em novembro de 1971, o artista resolveu transformar as ruínas da Cerâmica São João da Várzea, fundada em 1917 pelo próprio pai. Nas ruínas, deu início a um projeto de esculturas de cerâmica que se multiplicaram nas áreas interna e externa do local.

Oficina Brennand fica no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife — Foto: Roberta Rêgo/G1Oficina Brennand fica no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife — Foto: Roberta Rêgo/G1

Oficina Brennand fica no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife — Foto: Roberta Rêgo/G1

No Porto do Recife, fica o Parque das Esculturas, construído em 2000. Um obelisco de 32 metros de altura se destaca na paisagem. É a “Torre de cristal”, inspirada em uma flor descoberta pelo paisagista Roberto Burle Marx. Ao todo, são 90 peças em homenagem aos 500 anos do descobrimento do Brasil e formando um dos cartões-postais do Recife.

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