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Bancários de bancos privados encerram a greve em Pernambuco. Banco do Brasil, Caixa e BNB continuam parados

Depois de 21 dias de greve, os bancários de Pernambuco aprovaram a proposta de acordo feita pela Fenaban e encerram a paralisação nos bancos privados. Já os funcionários do Banco do Brasil e da Caixa rejeitaram as propostas de acordo para as reivindicações específicas e continuarão em greve. A decisão foi tomada na noite desta segunda-feira (26), em assembleia realizada pelo Sindicato com cerca de 500 bancários. A greve também continua no Banco do Nordeste, já que as negociações se estenderam até esta segunda e não houve tempo hábil para avaliar a proposta. Novas assembleias com os funcionários dos bancos públicos serão realizadas na noite desta terça-feira (27).

Com a aprovação do acordo com a Fenaban para a renovação da Convenção Coletiva, os funcionários dos bancos privados voltam ao trabalho nesta terça-feira com reajuste de 10% para os salários, para a PLR e para o piso. Já os vales refeição e alimentação tiveram um reajuste histórico de 14%. Este valor representa 3,75% de ganho real e eleva o vale refeição dos R$ 26 atuais para R$ 29,64 por dia. A cesta-alimentação sobe de R$ 431,16 para R$ 491,52 por mês.

Para a presidenta do Sindicato, Suzineide Rodrigues, os bancários estão de parabéns pela greve realizada este ano, considerada uma das mais fortes e mais longas da história recente da categoria em Pernambuco.

“O resultado desta Campanha foi uma vitória para os bancários, que conseguiram quebrar a intransigência dos bancos. As negociações deste ano foram as mais difíceis da última década. Desde o início, os bancos tentaram retirar direitos e impor perdas salariais aos bancários apostando que, neste cenário de crise, a categoria não iria encarar uma greve. Mas mostramos aos bancos que seus funcionários são de luta. Não só entramos em greve, como construímos uma das mais fortes e longas paralisações da nossa história em Pernambuco”, diz Suzi.

Graças à mobilização dos bancários, a Fenaban se viu obrigada a melhorar a proposta inicial de 5,5% de reajuste salarial para 7,5% e, depois, para 8,75%. “Recusamos todas essas propostas, pois elas representavam perdas para os bancários, já que a inflação do período foi de 9,88%”, detalha Suzi. Na última sexta (23), finalmente os bancos fizeram uma proposta com reajuste que contempla as perdas inflacionárias: 10%.

“Os bancos não queriam, de jeito nenhum, recompor a inflação, dizendo que ela cairá no futuro e que a crise econômica deixava pouca margem para as negociações. Precisamos encarar três semanas de greve para garantir uma proposta que mantém o poder de compra dos bancários. Foi uma vitória, dentro de um cenário adverso, conquistada com muita luta, suor e greve”, destaca.

Com o reajuste deste ano somado ao aumento real conquistado nos últimos doze anos, os bancários acumularam 20,83% de ganho acima da inflação nos salários e 42,3% nos piso.

Decisão democrática – Para Suzineide, os debates realizados pelos bancários durante a assembleia foram muito importantes para a organização da luta da categoria. “A assembleia estava divida entre os que queriam a aprovação do acordo e os que queriam manter a greve, inclusive nos bancos privados. O Sindicato seguiu a orientação do Comando Nacional dos Bancários e defendeu a aprovação do acordo, mas sempre deixando claro que quem dá a palavra final é a assembleia. No fim, a proposta da Fenaban foi aprovada”, conta Suzi, que representa Pernambuco no Comando Nacional dos Bancários, que negocia com os bancos.

A presidenta do Sindicato destaca que o acordo deste ano não foi tão bom como os que foram conquistados nos anos anteriores, mas que foi uma vitória, já que os bancários mantiveram seu poder de compra, não perderam direitos e ainda conseguiram avanços importantes, como a valorização dos vales refeição e alimentação.

“O Sindicato tem a responsabilidade de não levar a categoria para aventuras que não sabemos onde vão parar. Sentimos que as negociações com a Fenaban chegaram ao limite, depois de 21 dias de greve, e orientamos a aceitação da proposta. Dentro da atual conjuntura econômica e política do país, podemos sim considerar esta campanha vitoriosa”, avalia Suzi.

Bancos públicosDurante a assembleia, os bancários também avaliaram as propostas para os acordos específicos do Banco do Brasil e da Caixa. Os funcionários dos dois bancos públicos decidiram não aceitar a orientação do Sindicato e se mantiveram em greve.

Suzineide destaca que, infelizmente, as negociações com os bancos públicos chegaram ao limite e que a avaliação do Sindicato, seguindo o Comando Nacional dos Bancários, é de que este ano não foi possível avançar muito nas questões específicas dos bancários do BB e da Caixa.

“As negociações com o BB e a Caixa foram muito complicadas, por conta da recessão econômica. Os dois bancos queriam retirar direitos e rebaixar os salários. Foi a força da greve que garantiu a manutenção do poder de compra dos bancários e de todos os direitos previstos no acordos do BB e da Caixa. A maioria dos bancários do país entenderam a orientação do Comando e encerram a greve. Mas Pernambuco decidiu continuar e o Sindicato respeita a decisão da assembleia, que é soberana, e vamos manter a greve com toda força nos bancos públicos nesta terça”, garante Suzi.

No Banco do Brasil, além dos pequenos avanços nas reivindicações específicas, os bancários garantiram na proposta a manutenção de todos os direitos, como o formato de pagamento semestral da Participação nos Lucros e Resultados (PLR), que corresponde à distribuição linear de 4% do lucro líquido entre todos os trabalhadores, além dos módulos bônus e Fenaban.

Na Caixa, a proposta de acordo específico garante a manutenção da PLR adicional de 4% do lucro distribuída igualmente entre todos os funcionários, a suspensão da terceira onda do programa de Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP), fim dos 15 minutos de pausa para mulheres antecedendo a jornada extraordinária, retorno do adiantamento odontológico (a partir de janeiro de 2016), devolução dos dias descontados em mobilizações em defesa da Caixa 100% Pública e contra a terceirização, e promoção por mérito para 2017, no plano de carreira.

Assembleias – A proposta específica de acordo com o Banco do Nordeste será avaliada em assembleia nesta terça-feira, às 18h, no Sindicato. Até lá, os bancários do BNB continuam em greve.

Em seguida, às 19h, o Sindicato realiza assembleia com os funcionários do Banco do Brasil para avaliar se a greve continua ou não diante do quadro nacional de paralisação. Por fim, os bancários da Caixa se reúnem em assembleia às 19h30 também para decidir sobre a continuidade da greve .

As três assembleias serão realizadas na sede do Sindicato, que fica Avenida Manoel Borba, 564, Boa Vista, Recife.

Itaú e HSBC – Na assembleia desta segunda-feira, os bancários também aprovaram o acordo com o Itaú que reajusta o valor da Participação Complementar nos Resultados (PCR) e amplia as bolsas de estudo  e o acordo com o HSBC que garante uma gratificação de R$ 3 mil para os funcionários.

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Fonte: Seec PE

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