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EMBAIXADA CARPINENSE/ PALACETE DA FAZENDA SANTA CRUZ

Novamente vamos falar sobre a polemica que envolve o palacete da fazenda Santa Cruz. Um assunto que voltou a tomou conta da população de Carpina nesse ano pós eleição municipal, na berlinda ao mesmo tempo o prédio secular. Envolventes a Prefeitura Municipal do Carpina em confronto com o atual gestor da FALUB – Faculdade Luso-brasileira. Essa briga, para mim tornou-se pessoal entre o gestor municipal e o diretor da entidade educacional. Saiu da contenda política para o pessoal, sem dúvida. Não interessa a eles o prejuízo que tiver, apenas ganhar o embate é o importante, não interessa se houver prejuízo para a população ou mesmo o patrimônio histórico. 

A desavença já vem de muito antes das eleições municipais e continua no mesmo tom, a municipalidade deseja a todo custo leiloar o prédio e assim os novos proprietários possam desalojar a Faculdade. A propriedade em questão e onde encontra-se o prédio e seu entorno, pertenceu outrora a clã da família Petribu e ao extinto e saudoso Colégio Santa Cruz (Irmã Doroteias). Não sabemos como encontra-se a situação dessa propriedade na atualidade, a prefeitura admite que é de fato e de direito a dono do mesmo, inclusive vimos em vídeo – via rédea sociais – o prefeito gesticular nas mãos a certidão de propriedade e batendo no peito que o mesmo é atributo do município. Mas, existe um porem dentro das leis educativas que não se pode encerrar atividades educativas sem antes dos protocolos existentes, existem amparos e regras para as mesmas. E nesses aglomerados de teias de aranhas e batalhas verbais as discórdias prevalece, numa confusão sem fim. Por outro lado, existe – segundo comentários – de uma ação na justiça por parte da congregação das Doroteias que desejam ressarcir-se de prejuízos induzidos pela venda da propriedade ao município de Carpina. Há de se ver que cada partes possui seus direitos e deveres, e tem que se respeitarem mutualmente para que a cidade não seja prejudicada por atos insanos ou levianos.       

Nisso tudo, um agravante é que na possibilidade da existência do referido leilão, e, ser adquirido por empresários em que os mesmos desejarem realizar um grande empreendimento, tipo um condomínio VIP (a área sem dúvida é muitíssima valorizada), estarão em seus direitos de proprietários, claro que tentarão e poderão demolir todas as benfeitorias ali existente, o qual inclui também o palacete para expandir o terreno.

A todos os envolvidos, seja A, B ou C os mesmos pouco estão interessados na história ímpar desse prédio, nem nos símbolos de nossa cidade. Se houver perca, o peso ficará na consciência e na (in) memória do povo.

Evidentemente que houve história dentro desse solar. Sua construção remonta do século passado (1919) – em 2019 completou-se o seu centenário -, construído em estilo clássico europeu pelo proprietário da Fazenda Santa Cruz, o senhor João Cavalcanti de Albuquerque e que lá fundou o clã dos Petribu naquele casarão – retirou o sobrenome Albuquerque e colocou o nome de Petribu, em homenagem ao seu engenho de açúcar e que mais tarde transformar-se-ia na gigante Usina Petribu – fundando assim o clã Petribu -. Foi lá também que se tornou um ponto de ágape da sociedade neo-florestana, tendo sido inclusive a patrocinadora do grande evento (baile) na homenagem nas posses, ao primeiro prefeito da cidade Coronel Ernesto Pompilio do Rego como também ao primeiro juiz da comarca: Dr. João Cabral de Melo Filho – tio do famoso poeta João Cabral de Melo Neto -, isso no longínquo ano de 1929.  Foi lá também que após o falecimento do patriarca a viúva doou o solar da Santa Cruz a Congregação das Irmãs Doroteias (1946), daí surgiu um dos marcos de nossa história que foi o Colégio Santa Cruz uma entidade de formação de professoras e transformou-se num ícone da cidade (1953).

Com toda essa bela história necessitamos salvaguardar o referido prédio num tombamento e que seria fácil para os gestores municipais (Prefeito e Câmara), bastava um Projeto lei de tombamento, assim como foi feito no prédio do Mercado Público Municipal através da Lei Municipal 1.652/2017 de autoria do Edil Senhor Antônio Resende (um forasteiro, que viu a necessidade de um tombamento). Evitaria assim a perca de monumentos históricos de nosso município. Já ficou na lembrança os prédios perdidos como: Solar dos Chateaubriand; Velha Matriz de São José; Matadouro Público; a Cadeia Pública Municipal; O Viradouro da rede ferroviária – dos três em Pernambuco, era o mais completo e intacto, e hoje soterrado -, e sem dúvida a sede do Clube Lenhadores do Carpina.  Essa última um grande abalo para a sociedade carpinense, clube que outrora foi o ápice da referida sociedade. Só nos resta tentar evoluir uma ação de tombamento do citado palacete. No bem da verdade, já houve tentativas por parte de alguns carpinenses. Elaborou-se por pessoas entendidas no assunto um projeto de tombamento e enviado à Câmara de Vereadores do Carpina, teria esse projeto ser apresentado por um vereador para que o referido projeto fosse votado em plenário e passando pelos tramites legais enviado ao gestor municipal para uma promulgação e assim virar uma Lei e consumar o tombamento. Mas entrou a velha política, o projeto foi apresentado por um vereador contrário (partido político) ao gestor da cidade, e com isso foi o referido projeto postergado e rejeitado pela câmara como uma erva daninha, isso somente foi apresentado por um adversário político do prefeito. Uma mesquinhez intolerável para a história da cidade. Os interesses da cidade não prevaleceu.

Sem sombra de dúvida nossa Terra do Carpinteiro, encontra-se sem identidade… Sem memória. Nossos filhos não possuem uma versão de nossa história, de nossos símbolos e de nosso patrimônio histórico. Fica então cada vez mais a dificuldade de valorizar nossa terra. Amanhã nossa querida Terra do Carpinteiro não terá história.

*texto Mauro Barros

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