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Exposição “As memórias afro-brasileiras no Vale do Siriji” entra em cartaz nesta terça-feira, 16

Mostra, que reúne histórias dos escravos do interior de Pernambuco, tem a curadoria dos professores e produtores culturais, Joana D’Arc Ribeiro e Uenes Gomes, e integra as comemorações do Dia da Consciência Negra do Museu Poço Comprido, Zona Rural de Vicência, na Mata Norte

A partir desta terça-feira, 16 de novembro, entra em cartaz a exposição “As memórias afro-brasileiras no Vale do Siriji”. Mostra tem como objetivo apresentar, por meio de um conjunto de fotografias, ilustrações, histórias, lutas e dramas vividos pela população negra no interior de Pernambuco, ocasionadas pelas transformações sociais, econômicas e culturais com a chegada da atividade da cana-de-açúcar na região.

O evento é realizado no Museu Comunitário Poço Comprido, localizado na Zona Rural de Vicência, na Mata Norte. A visitação é aberta ao público das 9h às 17h, de segunda a domingo. O uso de máscaras e distanciamento social é obrigatório.

A exposição, que reúne cerca de oito painéis, com textos e fotografias, faz uma abordagem sobre a população negra que viveu durante o século XVI ao século XIX, no entorno do Vale do Siriji, rio que tem uma grande extensão, e banha os municípios de São Vicente Férrer, Vicência, Aliança, Condado e deságua no rio Tracunhaém, que juntamente com o Capibaribe – Mirim, forma a Bacia Hidrográfica do rio Goiana.

Historicamente essa região tem sua importância no ciclo canavieiro e também na expansão da bananicultura. A mostra traz um conjunto de achados sobre os engenhos de açúcar, com mapa do município de Vicência do ano de 1958, e anúncios extraídos de jornais de circulação no século XIX, divulgando fugas de escravizados da região do Vale do Siriji.

À época, as evasões eram recorrentes nesta região, mas a partir da década de 1870, descobriu-se que o território viveu um novo ciclo, influenciada pelas transformações econômicas e legais, com a institucionalização da Lei do Ventre Livre de Nº 2.040, de 28 de setembro de 1871.

Por meio de um trabalho de digitalização e pesquisa, o público vai poder se reconectar com essas histórias através de vários recortes dos antigos jornais da época. O material, adaptado para grandes painéis, reúne textos publicados na imprensa da época e fotografias ampliadas digitalmente, sobre as fugidas dos escravos. No mesmo material é possível identificiar recortes dos senhores escravagistas para capturar os negros e negras para suas fazendas, com pagamento de recompensa em dinheiro.

A pesquisa tem a curadoria dos professores e produtores culturais, Joana D’Arc Ribeiro e Uenes Gomes, e é baseada no livro “O vale do Siriji – um estudo de geografia regional” do geógrafo vicenciano Manuel Correia de Oliveira Andrade; Instituto Arqueológico, Histórico e Geográfico Pernambucano(IAHGP); Arquivo Público Estadual Jordão Emerenciano;Museu da Cidade do Recife; e, Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco.

A iniciativa faz parte das comemorações do Dia da Consciência Negra, celebrado no sábado, 20 de novembro. A proposta é que a exposição fique em cartaz até fevereiro de 2022. Logo depois, percorrerá as escolas públicas da cidade, com o objetivo de levar conhecimento às crianças, adolescentes e jovens da cidade.

Pesquisadores – Joana D’Arc Ribeiro (Jane), produtora cultural, pesquisadora, atualmente é diretora do Museu Poço Comprido e presidente da AFAV (gestora do Museu Poço Comprido), formada em Biologia e pós graduada em ensino de Biologia pela UPE/Campus Mata Norte. Desenvolve atividades nas áreas de educação patrimonial e cultura popular. Integra o conselho estadual de preservação do patrimônio cultural, o conselho de políticas culturais de Vicência, a associação das Cirandas de Pernambuco e sócia fundadora da associação dos Filhos e Amigos de Vicência.

Museu Poço Comprido – integra as edificações históricas do engenho Poço Comprido, com tombamento federal, atua em atividades de visitação turística, formação e realização de eventos com foco em educação patrimonial e cultura popular. É ponto de cultura, ponto de memória, pontão de cultura autodeclarado. Poço Comprido foi palco da Assembleia determinante da continuidade do movimento libertário, a Confederação do Equador, em 1824, liderado por Frei Caneca. Foi sede do Governo do estado no governo Nilo Coelho, em Pernambuco; é o único remanescente do século XVIII no estado de Pernambuco. A AFAV, sua gestora, recebeu recentemente menção honrosa no prêmio Ayrton de Almeida Carvalho, premiada duas vezes no prêmio Culturas populares, com 20 anos de atuação no resgate da cultura local e territorial.

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