Destaques Economia Política

Mata Norte e Agreste tem novo mapa eleitoral

Sivaldo Venerando- 

O resultado das eleições municipais deste ano alterou as cores do mapa político do país. Na Mata Norte e Agreste Setentrional de Pernambuco, em apenas seis das 27 cidades em que a reportagem do Voz do Planalto traçou um perfil político, os candidatos da situação lograram êxito. O percentual se repete pelo estado inteiro, onde 35 prefeitos conseguiram se reeleger, ou eleger apadrinhados, no primeiro turno contra 146 que se despedem definitivamente da gestão municipal.

Caso raro no Brasil, o atual prefeito de Carpina, Carlinhos do Moinho (PSB), obteve 367 votos (0,83%) dos válidos amargando o terceiro lugar na preferência do eleitorado. A maioria dos carpinenses, 23.870 (ou 54,05) trouxeram de volta ao poder o deputado estadual Manuel Botafogo (PDT) que já governou o município em outras duas ocasiões (2005-2008, 2009-2012).

Em Paudalho a reeleição de José Pereira (PSB) parecia certa. O atual prefeito governa o município pela quarta vez. Mas, eis que surgiu Marcelo Gouveia (PSD), que obteve uma surpreendente vitória sobre o adversário (61,42%).

Outra provável vitória posta pelos analistas políticos era a de Maurício Andrade (PTB), em Nazaré da Mata. Atual vice-prefeito, Maurício colou na imagem do prefeito Egrinaldo Coutinho (Nado-PTB) considerado um gestor aprovado pelos nazarenos, tendo recebido recentemente o reconhecimento como um dos gestores que melhor administra os recursos públicos. Mesmo assim, o candidato da situação foi mal sucedido. Os nazarenos optaram pelo retorno do ex-prefeito Nino (PSDB), com 44,94% dos votos.

Nem o clima de tranquilidade pode garantir a reeleição ao prefeito de Limoeiro, Thiago Cavalcanti (PTB). Tudo parecia definido, com amplas vantagens em todos os aspectos políticos e econômicos, além do entendimento familiar (Thiago é sobrinho do adversário) quando o opositor João Luís Ferreira Filho (Joãozinho-PSB) surpreendeu com uma virada inesperada que lhe garantiu a terceira vitória conquistada de maneira exclusiva pela oposição na história do município. Obteve 52,76% dos votos válidos.

Na disputa pela terceira vez a candidata do PSB em Surubim, Ana Célia, foi eleita com 51,54% dos votos, contra o atual prefeito, Túlio Vieira (PT).

E a guinada à oposição foi se alastrando. Em Timbaúba foi eleito o vereador Ulisses (PSDB) com 53,74%. Em Macaparana Maviael Cavalcanti (DEM) saiu vitorioso da disputa com 52,13% e, em Goiana, Osvaldinho (PMDB) com 42,35% dos válidos.

Vitória de Santo Antão quis a volta dos Querálvares ao poder. O deputado estadual Aglaílson Júnior (PSB) foi o escolhido num resultado apertado contra Paulo Roberto (PSD). Glória do Goitá deu o poder de volta à família Paes, com Adriana Paes (PSB) eleita prefeita município. Feira Nova seguiu a mesma linha com os Gonzagas. O odontólogo Danilson Gonzaga (PTB) é o novo prefeito. Por fim, em Lagoa de Itaenga, foi eleita Graça do Moinho, mulher do ex-prefeito Carlinhos do Moinho.

O clima da volta seguiu em Bom Jardim (João Lira-PSD), Lagoa do Carro (Judite Botafogo-PSDB), São Vicente Férrer (Flávio Régis-PSB), Buenos Aires (Fabinho Queiroz-PR) e Itaquitinga (Dr. Geovani-PMN).

 

Novatos e reeleitos – Os novatos nas disputas que conseguiram emplacar foram Rênya Carla (PP), em Passira; Guiga de Guilherme (PSDB), em Vicência; Tarcísio Renovação (PSB), em Chã de Alegria e Cassiano (PTB), em Condado.

Foram reeleitos (ou apoiados pela gestão atual), Xisto Freitas (PSD-Aliança), Belarmino (PR-Tracunhaém), Argemiro (PSB-Machados), Joamy (PDT-Araçoiaba), Maria Sebastiana (PSD-João Alfredo) e Chaparral (PSD-Orobó).

 

2018 – Com esses resultados, é possível ter uma visão do que virá em 2018. Em Pernambuco o número de prefeitos eleitos favorece majoritariamente o governador Paulo Câmara (PSB). A oposição, que tem a frente o senador Armando Monteiro Neto (PTB), também saiu fortalecida (ver mapa), porém o cenário continua indefinido.

Dois fatores podem explicar a indefinição. Por um lado, é possível que o eleitorado esteja propenso a rejeitar a reeleição. Por outro, talvez a população busque segurança e, poderá ter sucesso o candidato que esteja mais familiarizado com as novas normas da lei eleitoral que rejeita, por exemplo, o financiamento empresarial nas campanhas. A partir de agora, cabe aos candidatos alinhar-se melhor às exigências populares.

 

O fator nacional – Na primeira eleição pós impeachment de Dilma Rousseff, ocorreu uma acentuada guinada à social democracia. Especialistas apontam que o fator deu-se devido a situação econômica do país e à corrupção escancarada. O consultor político Torquato Galdêncio, diz que os eleitores estão “carentes” e fugindo às margens tradicionais. “A economia (decadente) e a corrupção (escancarada) provocou a debandada”, explica.

Dentro dessa visão, a população pode ter começado a perceber que o continuísmo favorece a corrupção. Por outro lado, há uma certa indisposição por parte do eleitorado em comparecer às urnas para exercer sua cidadania. Mesmo o voto sendo obrigatório, 31,5% dos eleitores brasileiros não optou por nenhum candidato. Esse público não compareceu às urnas, ou votou branco ou nulo.

 

Deixe um comentário