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Uma solução para falta d’água

Nascentes próximas a cabeceiras de rio da Zona da Mata de Pernambuco podem ser a solução para o problema de acesso à água da região, onde não chega o produto encanado. É o que comprova pesquisa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que avaliou a eficácia de projeto piloto de abastecimento em assentamentos da reforma agrária em Natuba, Vitória de Santo Antão, distante 53 quilômetros do Recife.

No local, há 130 nascentes cadastradas e georreferenciadas. Trinta delas foram revestidas e tampadas, para evitar a contaminação da água. O projeto, desenvolvido pela ONG Sociedade Nordestina de Ecologia, previa também o reflorestamento do entorno, mas só seis das 30 parcelas em que se encontram os olhos-d’água as nascentes tiveram a mata atlântica recomposta.

Mesmo sem proteção florestal, garante o engenheiro agrônomo Antônio Ferreira de Oliveira Neto, autor do estudo, a intervenção em Natuba garantiu a proteção das nascentes. “Agora, são menores os riscos de contaminação pelo uso inadequado das nascentes, muitas vezes rentes ao chão. Também não caem mais dentro da água insetos e pequenos animais, como sapos”, diz o pesquisador.O engenheiro agrônomo realizou o levantamento para pesquisa de mestrado em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos, pós-graduação vinculada ao Departamento de Engenharia Civil da UFPE. Durante o trabalho, concluído recentemente, sob a orientação do professor Ricardo Braga, ele avaliou projeto da ONG Sociedade Nordestina de Ecologia intitulado Recuperação e Conservação de Matas Ciliares e de Nascentes na Bacia do Capibaribe.

A intervenção disciplinou o acesso às nascentes em 27 parcelas do Assentamento Serra Grande e 13 do Divina Graça, ambos vinculados ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Na opinião de Antônio Ferreira, analista de recursos hídricos da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac), o projeto pode servir de modelo para ações governamentais na Zona da Mata. “Projetos como esse podem ser replicados em outras comunidades, estabelecendo uma política de abastecimento rural, que o Estado ainda não dispõe para a região”, recomenda o pesquisador.

Caso a ação seja ampliada, o técnico orienta a adoção de medidas que contemplem um sistema de abastecimento. “Além de revestir e tampar a nascente, é preciso canalizar a água até as casas das pessoas, para evitar o desconforto de a população continuar carregando baldes. Basta bombear a água para caixas d’água comunitárias, que atendam pequenos agrupamentos humanos.”

Fonte: Jornal do Commercio

 

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